Foram deflagradas na manhã desta quinta-feira, 2, as nona e décima fases da operação Gênesis,
que investigam traficantes de drogas e policiais militares suspeitos de
crimes como extorsão, roubo, tráfico de entorpecentes, associação para o
tráfico, organização criminosa, corrupção passiva e comércio irregular
de armas e munições.
Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 31 mandados de
busca e apreensão nos municípios de Fortaleza, Caucaia, Pacatuba e
Maranguape (todos na Região Metropolitana de Fortaleza). Os nomes dos
alvos não foram divulgados.
Conforme o Ministério Público Estadual (MPCE), a operação desvelou
uma organização criminosa, encabeçada por um policial militar, que
prestava apoio a pequenos e médios traficantes locais. Contando com uma
“estrutura bem delineada”, a quadrilha, ainda segundo o MPCE, era
composta por 17 policiais militares e neutralizava a concorrência dos
traficantes em suas áreas de atuação.
“Eles se aproveitavam da condição de agentes da lei para cobrar
propinas, obter informações privilegiadas acerca de infratores rivais do
grupo e, até mesmo, revender os materiais apreendidos, o que lhes
rendiam vantagens financeiras”, afirmou o MPCE.
A operação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate
às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE e pela Coordenadoria de
Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS).
Os órgãos contaram com os apoios do Departamento Técnico Operacional
(DTO) da Polícia Civil, da Assessoria de Inteligência da Policial
Militar (Asint) e do Comando Geral da Polícia Militar. Os mandados, por
sua vez, foram expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas
e pela Vara da Auditoria Militar do Estado.
Histórico
A operação Gênesis tem sido deflagrada, em sucessivas fases, desde
2020, mas é baseada em dados que vão até o ano de 2016. A partir de
escutas telefônicas, o Gaeco deparou-se com vários policiais e
ex-policiais, civis e militares, praticando crimes como extorsão e
tráfico de drogas e de armas — ora em desfavor de traficantes de drogas,
ora em associação com eles.
Em alguns dos casos, os policiais consultavam bancos de dados
internos da SSPDS para identificar criminosos que estivessem com
mandados de prisão em aberto e passavam a extorqui-los para que as
ordens judiciais não fossem cumpridas.
Outra prática recorrente dos policiais flagrados pela Gênesis era
apreender drogas ou armas com os criminosos e, em vez de lavrar os
devidos procedimentos policiais, apropriavam-se dos ilícitos para
revender a outros traficantes.
Nas dez fases da Operação Gênesis, já foram expedidos, ao todo, 104 mandados de prisão preventiva e 137 de busca e apreensão.
(O Povo)