Siamesas separadas em hospital de Goiânia, Heloá e Valentina recebem alta 51 dias depois de cirurgia

 


"É muita gratidão. É só agradecer, agradecer todo mundo, primeiramente a Deus”, disse Waldirene.

Com a alta, as gêmeas retornam para Morrinhos. Fernando, o pai delas, também falou sobre a alegria de ter a família reunida novamente.

“Tenho uma filha mais velha nos esperando em casa. Expectativa total. Ela estava até chorando, pensando que não iríamos embora”, contou Fernando.

O cirurgião Zacharias Calil disse que chegou a temer pela vida das duas, sobretudo da Valentina que teve uma recuperação mais complexa. Segundo ele, foram mais de 200 pessoas envolvidas no acompanhamento das gêmeas.

“O pediatra me chamou e disse que ela estava com mal epilético, que as chances eram mínimas. A cada dia a gente se emociona muito. Toda a equipe, nós temos um grupo. Colegas de fora que sempre perguntam. É muito gratificante, uma emoção fora do normal”, completou.

Valentina e Heloá, de 3 anos,  eram  unidas por parte do tórax, abdômen, bacia, fígado, genitálias, intestinos delgado e grosso. As gêmeas são naturais de Guararema, cidade do interior de São Paulo e estão em tratamento em Goiânia há cerca de dois anos. Após o início do acompanhamento médico, os pais das crianças decidiram se mudar para Morrinhos, no interior de Goiás.

Siamesas separadas em hospital de Goiânia, Heloá e Valentina com mãe e pai, em Goiás

Cirurgia de separação e recuperação

Valentina e Heloá passaram pela cirurgia de separação em 11 de janeiro. O cirurgião pediátrico Zacharias Calil fez o procedimento junto com 50 profissionais.

"Tivemos que dividir o fígado, o intestino delgado e o intestino grosso. Tivemos que modificar o sistema urinário delas porque elas apresentavam alterações que não tinham sido diagnosticadas. No mais, separamos o osso, a bacia”, explicou Zacharias Calil, na época da operação.

Dois dias depois do procedimento, na sexta-feira (13), elas voltaram a se alimentar pelas veias. Na segunda-feira seguinte (16), Heloá foi extubada, permanecendo com apoio de oxigênio, e Valentina apresentou quadro gravíssimo, sendo colocada em coma induzido no dia 19 de janeiro.

Siamesas Valentina e Heloá internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após cirurgia de separação, em Goiânia

Um marco na rápida recuperação de Heloá, no dia 20 de janeiro ela foi filmada escovando os dentes sozinha pela primeira vez após a cirurgia, ainda na UTI.

No mesmo dia, Valentina voltou a ter crises convulsivas e aumentou a quantidade de medicações que eram aplicadas. Devido as crises convulsivas, ela foi submetida a um exame que constatou “suboclusão intestinal”, que é uma obstrução parcial do órgão. Por isso, ela precisou passar pelo procedimento cirúrgico. Durante a cirurgia, foi observado que ela estava com uma hérnia encarcerada e, no procedimento, foi feita a desobstrução.

Siamesas Valentina e Heloá estão em estado grave e respirando por aparelhos após serem separadas em cirurgia com duração de mais de 10 horas, em Goiânia

Já no dia 25 de janeiro, Heloá passou por uma cirurgia para fechar as feridas. Na ocasião, Valentina ainda se encontrava em coma induzido. No dia 2 de fevereiro, Heloá já conseguiu dar seu primeiro passeio for a da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tomar um banho de sol.

No dia 4 do mesmo mês, as gêmeas tiveram o primeiro contato após a cirurgia. Já no dia seguinte, Valentina emocionou a equipe médica da unidade hospitalar ao segurar a mão de Heloá pela primeira vez após a cirurgia de separação.

Heloá, siamesa separada em hospital de Goiânia, passeia fora da UTI pela primeira vez, em Goiânia, Goiás —

Na mesma semana, Heloá passou batom pela primeira vez pós cirurgia, Valentina foi extubada e esboçou o primeiro sorriso após o procedimento que a separou da irmã.

Ainda em fevereiro, as gêmeas receberam alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no dia 15, continuando o tratamento na enfermaria do hospital. Já na enfermaria, no dia 18, as irmãs receberam a primeira visita da irmã mais velha, Kayla, de 7 anos. No dia 24, Valentina retirou a sonda  nasoentérica  que servia para alimentação e hidratação e passou a se alimentar de forma oral.

G1

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