O interrogatório da brasileira Manuela Vitória de Araújo Farias, presa em janeiro deste ano por tráfico de drogas na Indonésia, está marcado para 2 de maio, informou o advogado da família no Brasil, Davi Lira da Silva. No país asiático, pessoas detidas com entorpecente podem ser condenadas a pena de morte.
Essa é uma das últimas etapas do julgamento, que começou em 4 de abril, em uma sessão que durou cerca de 1h30. Na ocasião, foi feita a leitura da denúncia.
Agora, segundo o advogado, o julgamento "está na reta final".
"A justiça lá é célere. A gente não tem como precisar [a data da sentença]. Mas os fatos foram em 1º de janeiro, nós estamos quase em maio e já vai ser encerrada toda a parte de cognição. Então, a gente imagina que em maio tenha uma sentença", comentou.
A brasileira saiu de Florianópolis e foi detida em janeiro deste ano no aeroporto de Bali, onde ocorre o julgamento. Ela carregava aproximadamente 3 quilos de cocaína.
Além da pena de morte, segundo o Ministério das Relações Exteriores, quem for flagrado com drogas na Indonésia, em qualquer quantidade, pode ser sentenciado a vários anos de prisão ou detenção perpétua.
Na última semana, Manuela saiu da delegacia onde estava e foi transferida para o Presídio Feminino de Kerobokan, onde passa pela fase do processo de isolamento. A defesa não tem contato com a acusada há cerca de três dias.
Expectativa
Ao g1 SC, da Silva afirmou que a defesa está confiante que Manuela consiga uma pena menor.
"O que a gente quer é fugir das duas penas máximas, que é tanto a pena capital quanto a de prisão perpétua. A gente quer colaborar com a justiça da Indonésia de todas as formas possíveis e imagina uma pena de prisão, mas que escape tanto da prisão perpétua, quanto da pena de morte. Isso já seria uma grande vitória para a defesa da Manuela", afirma o advogado.
A defesa conseguiu advogado e tradutor na Indonésia.
"Tudo isso ajuda. A maioria das pessoas lá são condenadas e não tem nem um tradutor, e não conseguem entender o teor da acusação que é feita contra elas", afirma.
O caso
Segundo o advogado, Manuela foi usada como 'mula' para levar a droga ao país, além de ter sido enganada por uma organização criminosa de Santa Catarina, que prometeu férias e aulas de surfe.
Ao g1 SC, a Polícia Civil de Santa Catarina não passou detalhes sobre a suposta organização criminosa, mas informou que "todas as investigações são mantidas em sigilo". A reportagem também tentou contato com a Polícia Federal, que não retornou ao pedido.
Quem é a presa
Manuela tem residência em Santa Catarina, estado onde vivia a mãe, e no Pará, onde o pai mora. Conforme o advogado, ela atuava como autônoma, vendendo perfumes e lingeries no Brasil.
G1