'Faroeste' na Zona Oeste do Rio: Justiça determina busca e apreensão de comandas e HD com imagens de em bar

 


A ação aconteceu em janeiro de 2022 e terminou com quatro feridos e mais de 50 disparos no estabelecimento lotado.

As primeiras imagens divulgadas do tiroteio foram entregues à Justiça em um pendrive, no entanto, um técnico de informática guarda o HD com a gravação de todas as câmeras e da ação completa do dia.

"A diligência deve ser cumprida em caráter de urgência, ressaltando no mandado que, ao cumprir a diligência da extração das gravações, deverá ir acompanhado de um técnico de informática para evitar a possibilidade dos arquivos serem apagados", determinou a magistrada

Juíza também pediu comandas do bar

A juíza também solicitou a apreensão das comandas do bar, já que, segundo uma testemunha, o local solicita nome e RG dos clientes para entrar.

"Determino a expedição de mandado de busca e apreensão a ser cumprindo com urgência no estabelecimento Beco Meat Store, a fim de que forneça a integralidade das comandas abertas na data dos fatos, considerando a data 30 e 31 de janeiro de 2022 em razão do horário dos fatos", solicitou.

As determinações foram feitas após a terceira audiência de instrução e julgamento, na segunda-feira (24), em que testemunhas foram ouvidas sobre o caso.

Apesar da investigação policial só ter começado na quarta-feira (26), 14 meses após o fato, o Ministério Público denunciou o policial militar Felipe Augusto Cancellas como o autor dos disparos. Ele está preso desde o dia do crime e responde a um processo no 3ª Tribunal do Júri por quatro tentativas de homicídio e uma lesão corporal.

Entre as cenas chocantes, é possível destacar imagens inusitadas: um homem com duas pistolas, um atirador que não larga seu copo, um rapaz ferido na cabeça bebendo cerveja, um homem agachado para escapar dos tiros e preocupado em não perder seu balde de bebidas, além de outro homem sentado no bar, tranquilo e calmo, enquanto tudo ao redor parece um caos.

Clientes na varanda do bar se protegem diante dos tiros — Foto: Reprodução/TV Globo

Mais de 50 tiros

De acordo com o depoimento de Bruna Cruz, que a TV Globo teve acesso, a confusão começou por volta das 22h45. Ela disse que estava no caixa do estabelecimento quando ouviu um barulho de gritaria e uma briga entre clientes.

Segundo ela, os seguranças do bar foram acionados para tentar conter o tumulto. Sem sucesso, Bruna e mais alguns funcionários foram para a cozinha do bar para buscar proteção. Foi de lá, que ela teria escutado o primeiro tiro.

"Quando a declarante se encontrava na cozinha ouviu o primeiro tiro e posteriormente a declarante ouviu diversos disparos de arma de fogo. Na percepção da declarante foram mais de 50 tiros", dizia o depoimento assinado por Bruna Cruz na 35ª DP (Campo Grande), na madrugada do tiroteio.

Felipe Cancellas foi preso após confusão — Foto: Reprodução/TV Globo

Confusão em hospital

as imagens obtidas pela TV Globo, Cancellas é o primeiro a sacar uma arma durante a confusão, ainda dentro do bar de Campo Grande. Contudo, ele não efetua nenhum disparo no interior do estabelecimento.

A namorada de Felipe Cancellas, Paula Nascimento de Souza, também foi baleada no tiroteio. Após o confronto no bar, os dois foram até o Hospital Municipal Rocha Faria, também em Campo Grande, para tratar os ferimentos no pé de Paula.

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No local, Cancellas se envolveu em mais uma confusão naquela noite. Ele se desentendeu com o policial militar Cleber Maciel Costa Pinheiro. Felipe deu uma coronhada em Maciel.

A confusão no hospital teve arma em punho, voz de prisão e mais três PMs envolvidos, dois que estavam no bar no tiroteio e um que estava de serviço, como plantonista na unidade de saúde.

O tumulto no hospital só terminou com a chegada de outras viaturas da PM, que acabou levando todos os envolvidos para a delegacia. Na unidade policial, os investigadores decidiram retornar no bar para interrogar testemunhas.

No começo da manhã do dia 31, Felipe Cancellas recebeu voz de prisão em flagrante, por tentativa de homicídio.

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Andamento do processo

Em 14 meses, o caso de Felipe Cancellas já passou por três audiências de instrução e julgamento no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em todas as oportunidades, o Ministério público tentou pedir o HD original do bar, com todas as imagens feitas pelas câmeras de segurança do local naquele dia.

Segundo a denúncia do Ministério Público, "os crimes foram praticados por motivo torpe, vingança, em razão de uma briga ocorrida entre um amigo do denunciado, e frequentadores do bar".

Na denúncia contra Fabio Cancellas, o MP também pede, além da condenação, o pagamento de indenização às vítimas do tiroteio. 

G1

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