Filhotes de tartarugas são soltos na Praia da Tabuba, em Caucaia

 Cerca de 120 filhotes de tartarugas foram liberados na faixa de areia para o encontro com o mar(f...

 

Dezenas de filhotes de tartaruga encontraram as águas do mar pela primeira vez nesta quarta-feira, 26, na Praia da Tabuba, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Os animais, retirados de um ninho monitorado pelo Instituto do Meio Ambiente de Caucaia (Imac), foram soltos no limite da faixa de areia. O momento foi acompanhado por moradores, turistas e estudantes da rede municipal.

O foco da iniciativa é assegurar a sobrevivência das quatro espécies de tartarugas marinhas já encontradas pelos agentes do Imac na orla de Caucaia. Outro objetivo, de acordo com o presidente do órgão, Leandro Araújo, é sensibilizar a população sobre a importância da preservação da vida marinha: "Temos essa preocupação muito forte com a educação ambiental e foi justamente por isso que convidamos os estudantes, para que eles vivenciem isso na prática".

Desde 2022 uma equipe de especialistas do Imac monitora a sobrevivência das tartarugas na faixa litorânea de Caucaia. O município é o único do Ceará com autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para realizar este tipo de trabalho.

Segundo Leandro, os profissionais do município acompanham atualmente cerca de 123 ninhos. No começo das atividades, eram apenas 22 pontos de desova.

Em pouco mais de um ano de trabalho, a equipe identificou quatro das cinco espécies de tartaruga marinhas registradas no litoral brasileiro: tartaruga-de-pente, tartaruga-verde, tartaruga-cabeçuda e tartaruga-oliva. O biólogo Thiago Menezes explica que a descoberta dos ninhos é resultado de um processo que requer muita obervação e paciência. "Venho para a praia 3 [horas] da manhã todos os dias. O ponto principal são os rastros deixados pelas tartarugas", explica.

Ao localizar as pegadas do animal, Thiago usa um bastão para perfurar a areia e identificar os pontos mais distensos. "Vou verificando onde a areia está mais cedida até encontrar os ovos", detalha. Segundo Thiago, todos os pontos de desova são georreferenciados e recebem uma placa de identificação informando sobre a existência de vida marinha naquele trecho.

Ainda de acordo com o biólogo, o tempo de eclosão dos ovos varia de 45 a 60 dias. Cada ninho, geralmente, tem de 120 a 150 ovos. O especialista frisa que apenas 7% dos filhotes, em média, conseguem alcançar a fase adulta. "São animais altamente vulneráveis, que se tornam presas para outras espécies. Elas não têm como competir com tubarões, com outros peixes, principalmente nessa fase inicial da vida”.

Conforme o Imac, as quatro espécies de tartarugas marinhas que habitam a orla de Caucaia estão ameaçadas de extinção. Para estimular o cuidado com os animais, o órgão aposta na educação.

Os estudantes do 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Verônica de Menezes ficaram encantados com a soltura dos filhotes. "Foi muito legal ver o interesse deles. É algo que os aproxima do meio ambiente, que desperta consciência ambiental", afirmou o diretor da unidade de ensino, Vanderlei Pereira.

O momento também foi contemplado pelo aposentado José Castelo Branco, 71, que compareceu ao local junto com os três netos. "Quero que eles aprendam a necessidade de preservar o meio ambiente e cuidar das vidas marinhas desde cedo", disse.

O ciclo reprodutivo das tartarugas marinhas começa em novembro e vai até julho do ano seguinte. O presidente do Imac projeta que o número de ninhos monitorados deve chegar a 150 até o encerramento do ciclo atual, com nascimento de aproximadamente 10 mil tartarugas durante os oito meses de reprodução.

 

 

(O Povo)

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