Brasileiro é eleito melhor barista do mundo: 'Foram dois meses focado apenas na competição'

 


"Na verdade, a emoção, eu ainda estou processando. Foram quatro anos de jornada, então, realmente parece que a ficha não caiu", diz Boram em entrevista ao g1.

"A gente coloca no Brasil no mapa e, em contrapartida, é incrível porque, agora, cada vez mais, as pessoas vão buscar os cafés brasileiros. A gente era o único país produtor na final, ainda mais usando o café do Brasil. Acho isso um marco importante."

Boram tem 32 anos e é filho de sul-coreanos. Ele participou da competição pela terceira vez. Para encarar a disputa, passou por cerca de um mês e meio de treinamento.

Em fevereiro, em entrevista ao podcast De onde vem o que eu como, ele falou sobre a competição e ainda deu dicas de preparo de um bom café. Ouça abaixo.

Como é a competição do café

Durante a prova, os participantes têm 15 minutos para fazer doze cafés que serão avaliados por quatro juízes.

Na ordem são o espresso, uma bebida com leite e um coquetel de café que não pode ter álcool. "O treinamento envolve montar o conceito da apresentação, escolher os cafés que a gente vai servir, desenvolver as receitas dos drinques, e tudo tem que casar muito bem", afirma Boram.

Boram Um, o terceiro da esquerda para a direita, na premiação de melhor barista do mundo — Foto: Reprodução/Instagram/World Coffee Championships

"É praticamente o treinamento de um atleta de alta performance, porque a gente faz rotinas, ajusta aqui e ali", diz o barista.

"Dá um nervosismo enorme. A gente treina até ficar automático, como atleta mesmo, de fazer tudo no instinto. Foram dois meses apenas focado nisso."

Estudou até a água grega

Assim como atletas, Boram tem até treinadores. Antes do Mundial, ele viajou para o Canadá, para um centro onde ficam os profissionais que trabalham com ele e são ex-campeões na competição.

Uma semana antes da disputa, Boram partiu para a Grécia, com o objetivo de saber mais sobre a água do local e encontrar os ingredientes específicos, que podem alterar o sabor do café.

"É nitidamente um trabalho de longo prazo. É muito difícil para qualquer país ganhar de primeira. A gente sabe que é uma construção: participar pela terceira vez, criar um respeito pelo profissional do barista brasileiro dentro da competição. Tudo isso gerou alta expectativa, mas sabemos que estávamos preparados e que tínhamos tudo 100% pronto para entregar", diz.

Boram não está sozinho: oito pessoas fizeram parte da equipe que o ajudou na conquista. Não tem prêmio em dinheiro, mas o vencedor leva itens como maquinários, equipamentos e viagens para países produtores de café.

Garam Um, o quarto da esquerda para a direita, que levou terceiro lugar no 3 World Brewers Cup Champion — Foto: Reprodução/Instagram/ World Coffee Championship

A família de Boram começou a produzir café em 2009. Ele e seu irmão, Garam Um, entraram para o universo dos baristas e das competições, em 2016.

Garam também esteve World Coffee Championship e levou o terceiro lugar na World Brewers Cup Champion, de preparos de café filtrado.

"Em termos do que este prêmio representa, acho que a gente conseguiu colocar o Brasil no mapa de um mercado que é super elitizado, principalmente para países que são consumidores. São sempre os grandes países europeus ou os grandes países asiáticos ou a América do Norte, que dominam esse mercado de consumo de café", diz Boram.

"O Brasil foi visto como produtor, mas não como conhecedor de consumo de café torrado, de barista, de profissionais do café. Então, colocamos no mapa e, em contrapartida, é incrível porque cada vez mais as pessoas vão buscar os cafés brasileiros. A gente era o único país produtor na final e ainda mais usando cafe do Brasil, então acho que isso é um marco importante."

G1

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