De olho em 2024, quase 30 prefeitos mudaram de partido no Ceará


 Elmano em Caucaia ao lado do prefeito Vítor Valim


 

Nas últimas semanas, mudanças importantes ocorreram no cenário partidário no Ceará. No mês passado, o PSB oficializou Eudoro Santana como novo presidente estadual do partido e filiou pelo menos nove prefeitos de cidades da Região Metropolitana de Fortaleza e do Interior. Entre os recém-filiados estão Vitor Valim (Caucaia), Átila Câmara (Maranguape) e Nezinho (Horizonte). Os três municípios estão entre os mais importantes da Região Metropolitana de Fortaleza e ensaiam contraponto em relação ao PL de Acilon Gonçalves, hegemônico a leste da Capital.
 

Outra mudança importante foi o anúncio de que Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa, deixará o PDT. Ele é cotado para se filiar ao próprio PSB ou ao PT, o que deve provocar novos movimentos migratórios. As mudanças, que envolvem ainda, com intensidade, o Republicanos. Desde o início do ano, aproxima-se de 30 prefeitos, pelo menos, a quantidade de gestores que mudaram de partido com vistas às eleições 2024, quando são justamente as prefeituras o principal alvo das ambições.

Em meados de maio, o PT conseguiu atrair Flávio Filho, de Amontada, e Tiago Ribeiro, de Cascavel. É ainda aguardado na legenda Marcelo Teles, o Processor Marcelão, de São Gonçalo de Amarante. Líderes do partido já expressaram o desejo que a agremiação saia das eleições de 2024 como o maior do Estado.

O PT tem o segundo maior número de prefeitos no Ceará, atrás do PDT, e quer se fortalecer especialmente no interior do Estado, além de ampliar o apoio ao governador Elmano de Freitas (PT).

Presidente estadual da legenda, Antônio Filho, o Conin, contabiliza 34 gestões petistas no Estado e, segundo ele, há em andamento dez negociações. Em janeiro, a legenda conseguiu atrair outros 12 prefeitos, que saíram de partidos como PDT, MDB, PCdoB e PL.
Prefeitos que se filiaram ao PT

    Aratuba: Joerly Vitor
    Campos Sales: João Luiz
    Cariús: Wilamar Palacio
    Choró: Marcondes Jucá
    General Sampaio: Francisco Cordeiro
    Ibicuitinga: Franzé Carneiro
    Jaguaruana: Elias Oliveira
    Jardim: Dr. Aniziario Costa
    Penaforte: Dr. Rafael Ferreira
    Potengi: Edson Veriato
    Saboeiro: Marcondes Ferraz
    Santana do Acaraú: Francisco das Chagas Mendes
    Amontada: Flávio Filho
    Cascavel: Thiago Ribeiro

As migrações foram articuladas pelo governador Camilo Santana (PT) e pelo deputado José Guimarães (PT). Um dos principais "atrativos" para a filiação foram tanto a boa avaliação do governador de olho nas pesquisas de opinião quanto a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado. Tudo foi combinado com o estrategista maior do PDT no Ceará, senador Cid Gomes.


Prefeitos que se filiaram ao PSB

    Caucaia: Vítor Valim
    Maranguape: Átila Câmara
    Horizonte: Nezinho Farias
    Icapuí: Raimundo Lacerda
    Mulungu: Robert Viana
    Novo Oriente: Nenen Coelho
    Milhã: Alan Macedo
    Santana do Acaraú: Meu Deus
    Guaiúba: Izabella Fernandes

Vitor Valim (PSB) disse que migrar para o PSB foi um convite de Eudoro para compor as mesmas fileiras do projeto que governa o Estado nos últimos 16 anos. "Qualquer um que esteja no PSB hoje tem a oportunidade de ter um grande orientador político, o nosso líder, o senador Camilo Santana". Sobre os planos para 2024, disse que fará "gestão".

"As questões políticas locais, digo com tranquilidade, vou fazer gestão. A oposição, como não tem o que fazer, faz política pela política e eu tenho a obrigação de mudar a vida das pessoas e continuar o projeto que estamos tocando", pontuou.

Em Caucaia, Valim deve disputar com o atual vice-prefeito, Deuzinho Filho (União Brasil), ligado ao grupo de Capitão Wagner (União Brasil).

O PSD, sigla que também passou a compor a base de Elmano, também cogita lançar candidatura em Caucaia, segundo maior colégio eleitoral do Ceará, sob a liderança de Naumi e Erika Amorim.

Átila Câmara, prefeito de Maranguape, disse que o PSB passaria a ter um papel importante de “reaproximação com o campo da esquerda, alinhamento com governador Elmano e resgate da história do partido” sob a direção de Eudoro. A respeito da filiação, destacou a questão afetiva como parte importante da escolha por aceitar o convite feito por Eudoro.

“No meu caso, tem também o componente afetivo. Fui vereador e prefeito pelo PSB. Tive que sair por conta dos desígnios da política, mas ficou uma história e uma afinidade. A convite do doutor Eudoro, com alinhamento com Elmano e Camilo, hoje volto a um partido que me acolheu no início da minha trajetória política”, pontuou.


Prefeitos que se filiaram ao Republicanos

    Ipueiras:  Júnior do Titico
    Mombaça: Orlando Filho
    Santa Quitéria: Lígia Protásio
    Paramoti: Telvânia Braz
    Acopiara: Ana Patrícia

Também em maio, o ex-senador Chiquinho Feitosa assumiu a presidência estadual do Republicanos. Em evento lotado, ele conseguiu filiar quatro novos prefeitos. A ida para a agremiação aproxima a sigla que atuava na oposição ao grupo político de Camilo Santana.

Passam a integrar os quadros do Republicanos os prefeitos Júnior do Titico, de Ipueiras, Orlando Filho, de Mombaça, Lígia Protásio (interina), de Santa Quitéria, e Telvânia Braz, de Paramoti. A vice-prefeita de Acopiara, Ana Patrícia, que assumiu com o afastamento do prefeito, também migrou e fez crítica ao MDB, onde era filiada.


Realinhamento com o governismo

As mudanças foram provocadas pela reorganização da base governista. PDT e PT romperam desde a última eleição e a recomposição ainda não foi formalizada no âmbito das cúpulas, embora deputados pedetistas votem com o governador Elmano de Freitas (PT) e o partido tenha três secretários, entre outros cargos na administração.

A entrada de Jair Bolsonaro no PL também tirou o partido da base governista no Ceará, embora a corrente que comanda a direção estadual seja simpática ao governo.

As principais mudanças observadas envolvem, como usual, mudanças em direção à base. Por isso, há várias filiações ao PT, mas também a outros partidos recém-ingressos no governismo. É o caso do PSB e do PSD, ambos que apoiaram Roberto Cláudio (PDT) contra Elmano na eleição para governador em 2022.

O PSD chegou a entregar cargos na Prefeitura de Fortaleza, sob comando de José Sarto (PDT), logo antes de assumir secretaria estadual e passar formalmente a compor a base do governador.

O Republicanos, que apoiou Capitão Wagner (União Brasil) no ano passado, foi outra sigla que mudou de direção e rumo no Estado. Recebeu Chiquinho Feitosa como presidente e passou a integrar o governismo. Chiquinho comandava o PSDB no ano passado e bateu de frente com Tasso Jereissati para impedir o apoio da legenda a Roberto Cláudio.

As siglas passaram a se apresentar como alternativas para prefeitos que desejam aderir ao governo. Em função de rivalidades locais, é comum haver dois ou até mais grupos locais que são da base governista em alguns municípios. Assim, nem sempre uma sigla de situação é viável para quem deseja ser candidato a prefeito. Legendas alternativas dentro do governismo surgem como caminho para abrigar forças aliadas ao Palácio da Abolição que disputam entre si no âmbito local.

Outra legenda que aderiu ao governismo foi o Podemos, que era comandado pelo senador Luis Eduardo Girão, agora no Novo. O partido era outro que estava na base de Capitão Wagner em 2022. Este ano, passou a ser comandado pelo prefeito de Aracati, Bismarck Maia, que deixou o PDT.

 

 (O Povo)

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