Com quantas pessoas ele não deve ter feito isso?', diz mulher que acusa maqueiro de hospital no Rio de estupro

 Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio  — Foto: Reprodução/TV Globo

Um vídeo mostra que, por volta das 6h, o maqueiro leva a jovem para dentro de um elevador. Antes da porta fechar, ele levanta o lençol dela. Poucos minutos depois, a porta abre novamente no mesmo andar. Nesse momento é possível ver que o homem está com o jaleco numa posição suspeita, embolado na calça.

Segundo a vítima, o maqueiro ficou subindo e descendo com o elevador, sem ir ao andar onde faria o exame de tomografia. A mulher afirmou que, dentro do elevador, o homem passou a mão em suas partes íntimas.

"Eu acho que por não ter câmeras dentro do elevador, ele ficou subindo e descendo de andar, chegava no terceiro e voltava para o térreo (...) foi aí que ele se aproveitou para passar a mão nas minhas partes intimas", contou a vítima.

"Fico imaginando com quantas pessoas ele não deve ter feito isso", comentou.

Abuso no elevador

A vítima de 27 anos pediu para ter a identidade preservada. Ela contou que naquela noite estava em uma festa com o namorado e outros amigos, na Lapa. Ela disse que passou mal no local e caiu na rua. Os amigos então chamaram uma ambulância, que a levou para o Hospital Souza Aguiar, por volta das 4h.

"Chegando ao hospital, fui atendida pelos médicos, normal. Fiquei um tempo na enfermaria e dali a médica solicitou o exame de tomografia", lembrou.

Foi nesse momento que o pesadelo da jovem teve início. Imagens de uma das câmeras de segurança do Souza Aguiar gravaram o momento em que ela é levada de maca até um elevador. O maqueiro, que deveria prestar apoio, é apontado como o autor do estupro.

A jovem acredita que o maqueiro imaginou que ela estivesse desacordada naquele momento. Ela disse a TV Globo que lembra de tudo que ocorreu, que estava apenas de olho fechado.

"Eu lembro de tudo, não estava dopada. A única coisa é que eu estava ali quietinha na minha, sabe, de olho fechado. E ele imaginou que por isso talvez eu estivesse apagada, algo do tipo. Achou que poderia fazer", contou.

"Quando ele tirou o lençol, eu fiquei meio assim, mas pensei: 'deve ser pra fazer o exame'. Ai depois percebi o que de fato estava acontecendo. Eu não tive reação nenhuma. Ele não falou nada, só fez o que ele queria fazer e me deixou de volta", narrou a vítima.

Jaleco fora do lugar

Na imagem registrada nas câmeras do hospital, é possível ver que o maqueiro entra no elevador com o jaleco bem arrumado e esticado junto ao corpo. Contudo, quando a porta abre novamente, alguns minutos depois, o jaleco do homem está amassado, bastante embolado na calça.

"Eu acredito que (durou) entorno de 4 minutos que fiquei com ele. Assim que entra no elevador, ele já tira meu lençol. Nas câmeras da para ver que ele chega com jaleco normal e no meio do processo, quando abre de novo, ele está com o jaleco pra cima".

"Acredito que se tivesse mais tempo ele poderia ter feito algo pior, porque ele ja estava com o jaleco fora do lugar", disse a jovem.

Segundo o hospital Souza Aguiar, não há câmeras dentro do elevador. A mulher conta que foi apoiada por médicas e enfermeiras no dia da ocorrência, mas que depois disso nada aconteceu.

A jovem contou que depois do ocorrido foi levada para a sala de tomografia, fez os exames e depois retornou para a enfermaria. Nesse momento, segundo ela, bateu o desespero por ficar sozinha e não saber quem era o homem que tinha praticado o estupro.

Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo seu relato, a mulher disse que pediu para sair da sala de enfermaria porque não queria ficar sozinha no local. Ela foi levada para uma sala mais reservada, onde contou o que aconteceu para uma médica.

A vítima então foi examinada. A médica constatou que as roupas íntimas da vítima estavam fora do lugar. Em seguida, o policial de plantão do hospital conversou com a vítima e a levou para a delegacia, onde o crime foi registrado.

"Todos os funcionários, médicos e enfermeiros, me trataram bem. A médica disse que ia colocar tudo isso no prontuário, sendo que quando eu fui lá não estava, o que ia ajudar muito na investigação", lembrou.

O caso foi registrado na Delegacia da Praça da República, no Centro. As imagens das câmeras de segurança do hospital Souza Aguiar vão ser analisadas.

Justiça

A jovem contou ainda que ficou bastante abalada com tudo que aconteceu no hospital.

"Eu tive que procurar psicólogo, porque comecei a me culpar de ter saído, de onde estava, de ter passado mal. Meu namorado também não ta confortável", disse.

"Desde então fiquei mal. Uma semana sem ir ao trabalho. Muita coisa na mente. Minha família depende de hospital, tenho uma sobrinha adolescente. É muito revoltante".

A Defensoria Pública do Rio informou que está atendendo a estudante, de 27 anos, e que está tomando todas as medidas necessárias para a assistência da vítima.

"Eu quero que vão atrás dele, saiba quem é e que ele seja preso. Que a Justiça seja feita de verdade", completou a jovem.

O que dizem os citados

Em nota, a Polícia Civil informou que só agora, dois meses depois do registro de ocorrência, o suspeito foi intimado para depor.

O hospital Souza Aguiar disse que enviou para a polícia as imagens das câmeras de segurança e os dados do agressor e que repudia veementemente o ato cometido dentro das dependências do hospital.

 
G1

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