Uma nova espécie de “peixe das nuvens” foi encontrada na bacia do Rio Pacoti, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, a partir de estudos realizados por biólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A descoberta foi publicada na revista neozelandesa Zootaxa.
Com a nomenclatura Hypsolebias antenori, o peixe costuma aparecer todos os anos no período chuvoso e é encontrado ao longo das bacias da Caatinga, noo Nordeste do País.
Um dos responsáveis pela pesquisa, o biólogo pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Yuri Abrantes, conta que a descoberta surgiu de acordo com a investigação dos impactos ambientais que ocorreriam sob a localidade de uma espécie do animal que já era conhecida, a Hypsolebias longignatus. Com a descoberta, os estudos foram iniciados.
“O estudo consistiu na realização de expedições de campo para coleta dos peixes e avaliação do estado de conservação do ambiente, bem como, incluiu etapas de análises morfológicas e genéticas dos peixes em laboratório”, explica.
Quando perguntado sobre o tempo que os peixes da espécie chegaram ao Ceará, ele comenta que não há como delimitar a data exata de seu aparecimento, mas os dados genéticos revelam que o grupo tem origem evolutiva que data de 20 milhões de anos.
Peixes nuvem: como os eles se reproduzem e em quais períodos eles mais aparecem
Os peixes-nuvem possuem dimorfismo sexual, o que significa que se pode diferenciar os machos e fêmeas a partir de suas cores e pelo seu tamanho. Yuri explica que os machos são maiores e mais coloridos do que as fêmeas que apresentam um padrão comum de maneira geral.
“Essa coloração dos machos serve para atrair as fêmeas e cortejá-las no momento da reprodução. Eles costumam aparecer durante o período chuvoso, quando aquelas poças são formadas e os ovos que já estavam lá na terra vão eclodir, os peixinhos vão nascer, vão se desenvolver e reproduzir e depois, quando a poça seca, eles morrem”, exemplifica.
Ao se reproduzirem, os ovos colocados pelas fêmeas permanecem fortes até a próxima estação chuvosa. Por esse motivo, existe a crença de que os peixes nuvem caem do céu. O estudo está disponível para leitura gratuita no perfil de Yuri do Researchgate.
Além dele, assinam o artigo os pesquisadores Telton Pedro Anselmo Ramos, da Universidade Federal da Paraíba, Diego de Medeiros Bento, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Caverna (CECAV-ICMBio), Sergio Maia Queiroz Lima, da UFRN, e envolveu a colaboração do Instituto Tecnológico da Vale de Desenvolvimento Sustentável.
O POVO