Estudante de medicina alvo da PF pode ter feito prova do Enem para amigo e parente no Pará, aponta investigação

 Todos os estudantes suspeitos no caso. — Foto: Reprodução/Redes sociais

 

 

Um dos envolvidos no suposto esquema de fraude do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teria feito a prova para um parente e para um amigo de longa data, segundo investigação da Polícia Federal. O estudante é um dos três investigados na operação "Passe Livre", realizada nesta sexta-feira (16). 

O jovem, de 23 anos, cursa medicina na Universidade do Estado do Pará (Uepa), no polo de Marabá, e teria usado documentos falsos para se passar pelo familiar e pelo amigo.

De acordo com a investigação, a nota no Enem conseguida através de fraude, essas duas pessoas foram aprovadas em medicina, pela Universidade do Estado do Pará (Uepa) em Marabá, mas sem terem feito a prova.

As supostas fraudes ocorreram nas provas do Enem de 2022 e 2023, segundo a PF. Os estudantes, no entanto, negam as acusações, segundo o advogado deles - veja mais abaixo

O que diz a defesa dos estudantes:

O advogado Diego Adriano Freires, que representa dois dos suspeitos, disse ao g1 que as informações colhidas preliminarmente na delegacia não incriminam seus clientes no qual estão no momento, sendo apenas investigados.

Ainda segundo a defesa, um dos suspeitos realizou a prova na condição de inscrito sem qualquer violação aos preceitos legais. Ele ressaltou que a partir de agora vai acompanhar todos os atos processuais e que seus clientes estão contribuindo com a justiça.

O g1 tenta contato com a defesa do terceiro estudante suspeito do crime.

Investigação

Nesta última sexta-feira (16), a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa dos suspeitos e conseguiu localizar telefones celulares, diversas provas do Enem de 2019 a 2023 e manuscritos.

Imagens mostram buscas a casa de estudantes alvo da PFpor suspeita de fraude no Enem
Imagens mostram buscas a casa de estudantes alvo da PFpor suspeita de fraude no Enem


Segundo a linha de investigação, um dos jovens já cursa medicina e está no 7° semestre da faculdade, o segundo alvo conseguiu ingressar na universidade em 2022. Já o terceiro, deveria começar o ano letivo no mês de março de 2024.

Como tudo iniciou?

A Polícia Federal começou a analisar os alvos há 20 dias, após denúncias anônimas. Um dos suspeitos chegou a publicar nas redes sociais que teria feito a prova do Enem para os amigos.

Um dos suspeitos, aprovado em medicina, no momento de realização da prova do Enem de 2023, publicou alguns comentários, coincidindo com o mesmo horário do exame.

Os textos foram compartilhados por uma ex-namorada de um dos envolvidos e auxiliou nas investigações da Polícia Federal.

Grafia diferente nas provas

As provas dos envolvidos passaram por perícia, que revelou que a escrita dos suspeitos e as grafias na prova de redação são incompatíveis. A letra em ambos exames, de acordo com a investigação, apresenta semelhanças a do aluno de medicina.

Em nota, a Uepa informou que "execução das provas do Enem é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A Uepa acompanha e colabora com as investigações conduzidas pela Polícia Federal e aguarda a conclusão do processo para tomar as medidas cabíveis". 

 

 

(g1)

 

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