'Carro voador' chinês aguarda liberação para fazer testes no Brasil

 eVTOL da EHang durante seu primeiro voo de demonstração com passageiro no Japão, em fevereiro de 2023 — Foto: Divulgação/EHang

 

O modelo EH216-S é o eVTOL (sigla em inglês para "veículo elétrico de pouso e decolagem vertical") da EHang, empresa chinesa com duas representantes comerciais no Brasil, a AT Global e a GoHobby, que pediram autorizações de voos experimentais à Anac.

A agência brasileira também analisa pedidos das fabricantes dos eVTOLs que serão usados por Gol e Azul para que as certificações que receberam em seus países de origem também sejam consideradas no Brasil.

Mas é a EHang que está nas fases mais avançadas de desenvolvimento de um eVTOL. Em outubro, seu modelo recebeu a "certificação tipo" na China, o sinal verde para ser usado em operações comerciais.

Segundo a fabricante, o EH216-S pode transportar dois passageiros (sem piloto) em voos de até 30 quilômetros com apenas uma bateria. Já a futura aeronave da Eve, subsidiária da Embraer que prevê seu primeiro voo em 2026, deverá ser capaz de levar até seis pessoas em trajetos de até 100 quilômetros.

No futuro, com a operação comercial, o passageiro "vai percorrer 5 ou 10 minutos voando", explicou o presidente-executivo da AT Global, Alexandre Daltro Santos. "É um mercado em que ela [EHang] não tem muito competidor", afirmou o presidente-executivo da GoHobby, Adriano Buzaid.

EH216-S: conheça o 'carro voador' da EHang — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Foto: Kayan Albertin/Arte g1


A AT Global tem, na representação comercial da EHang, o primeiro negócio desde sua fundação e planeja receber a primeira aeronave em abril. Depois, o plano é realizar voos de exibições sem passageiros em aeroportos de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

A GoHobby, que já atua na venda de drones, tem um eVTOL da EHang desde dezembro de 2023. E espera testar a aeronave entre abril e maio, em um voo não tripulado dentro de um aeroporto no interior de São Paulo.

Além de pedidos de voos experimentais do EH216-S, a Anac revisa acordos com possui com outras autoridades aéreas. Os documentos permitem agilizar liberações de aeronaves brasileiras em outros países e de aeronaves estrangeiras no Brasil.

Uma mudança nesses acordos permitiria, por exemplo, que o processo de certificação do eVTOL da EHang na China fosse considerado suficiente pela Anac para liberar o veículo no Brasil.

"A gente pretende incluir eVTOLs no acordo com a China. É a nossa intenção, já sabendo que eles têm interesse de trazer [aeronaves chinesas] para validação aqui", disse ao g1 o superintendente de Aeronavegabilidade da Anac, Roberto José Honorato.

O que falta para o eVTOL chinês voar no Brasil?

A AT Global e a GoHobby, representantes da EHang, fizeram o primeiro contato com a Anac em meados de 2023 e, agora, precisam resolver pendências de documentação para avançarem com seus pedidos de voos experimentais, segundo a agência.

Outra possibilidade é a própria EHang pedir que o seu processo de certificação na China seja validado no Brasil, o que dependeria de um contato entre a CAAC, a autoridade aérea chinesa, e a Anac.

O que fazem as representantes da EHang?

As representantes da EHang vão atuar como revendedoras da fabricante no país. Buzaid, da GoHobby, disse que a parceria envolve ainda o "treinamento da empresa que adquiriu [um eVTOL] para que, posteriormente, ela consiga as homologações da Anac para poder voar".

O executivo afirmou que a GoHobby já teve "um impacto positivo nas vendas" do EH216-S, sem revelar números. Já a AT Global disse ter cartas de intenções para vender 40 aeronaves. Elas só poderão ser entregues quando receberem certificação no Brasil.

"Foi 100% pelo fato de ainda não estarmos com a maturidade necessária para regular e fazer isso aqui, junto ao processo da nossa autoridade no Brasil, para organizar e legalizar essa aeronave, que era um protótipo", disse o presidente da AT Global. 

 

 

(g1)

 

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