Era 15 de março de 2020 quando o Ceará registrava os primeiros casos de Covid-19, doença que na época se alastrava pelo mundo e alarmava pela rápida circulação. Quatro anos depois, os índices da patologia na unidade federativa já não seguem em curva alta, mas o acumulado ainda assombra: são mais de 1,5 milhão de casos e 28 mil mortes desde o início da pandemia, conforme o Ministério da Saúde (MS).
Os
primeiros pacientes a serem identificados com a doença no Ceará foram
três passageiros de voos internacionais — sendo dois homens e uma
mulher. O Governo do Estado fez o anúncio quatro dias após a Organização
Mundial da Saúde (OMS) ter decretado a pandemia de coronavírus.
No dia 26 daquele mesmo mês de março morria José Maria Dutra, 72, o primeiro cearense a vir a óbito em decorrência da patologia. A vacina contra a doença só chegaria no Estado quase um ano depois, no dia 18 de janeiro de 2021, após o Ceará ter experienciado momentos de luto e de isolamento social.
Quatro anos após as primeiras infecções, o Ceará tem acumulados 1.503.822 casos e 28.215 óbitos em decorrência da doença. Os dados são do MS, com informações passadas pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), e levantados até o dia 9 deste mês de março. Foram apenas 62 novos diagnósticos entre o dia 1° de janeiro deste ano e o dia 9 deste mês.
Número de casos e meses mais letais
Índice de casos recentes é pequeno quando comparados aos dados dos primeiros anos da doença no Estado. Para se ter uma ideia, durante a primeira onda da patologia no Ceará, em 2020, apenas o mês de maio somou mais de 3 mil mortos. Em 2021, o ano começou com o registro de 10 mil pessoas mortas.
Já na segunda onda da doença no Estado, os meses mais letais foram março e abril de 2021, quando ocorreram 3.325 e 3.565 mortes respectivamente. Apesar de os dados apresentarem queda durante o processo de vacinação, os números de casos voltaram a subir em nova onda em 2022.
Só na primeira semana de janeiro daquele ano, de acordo com dados mostrados na época pelo painel IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o Estado registrou 3.157 novos diagnósticos positivos para a doença, mais que o triplo do total verificado no mesmo intervalo de dezembro de 2021.
Disparos de índices foram influenciados pela chegada de variantes do vírus causador da doença, como a Gama, a Delta e a Ômicron. A onda mais recente no Estado foi identificada entre novembro e dezembro de 2023, quando percebeu-se um crescimento rápido da positividade.
Em novembro do ano passado, os números de casos saíram de um total de 11 para 335. A média diária de infecções nesse mês foi de 21 diagnósticos para 188 casos por dia.
Conforme Keny Colares, infectologista e consultor da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), a onda de casos registrados em janeiro de 2022 foi a última considerada “mais severa”. O especialista explica que o Estado pode vir a registrar novas ondas, assim como ocorre com o vírus da gripe.
“Dependendo do clima, dependendo do grau de proteção do indivíduo e dependendo da variação do vírus, é provável que a gente tenda a ter ondas às vezes um pouco maiores ou pouco menores (…) Pela lógica, a gente vai ter que conviver com o vírus da mesma forma que convivemos com o vírus da gripe”, destaca.
Alerta para a importância da vacinação
Conforme o Governo Federal, 23.646.761 doses da vacina contra a Covid já foram aplicadas no Ceará desde o início do processo de vacinação contra a doença. De acordo com Keny Colares, frente o surgimento de novas variantes, o imunizante segue sendo essencial para proteger a população.
“Apesar de uma variante surgir e aumentar o número de casos, quando o vírus muda, ele nunca muda da água pro vinho, a vacina, ela continua tendo alguma proteção. Então, às vezes aumenta o número de casos, mas a gravidade da doença não é a mesma. A pessoa se infecta, mas o organismo já tá protegido para que ela tenha uma doença branda”, explica o infectologista.
Especialista também pontua que a pandemia teve impacto sobre a forma que brasileiros enxergam a vacinação. No Ceará, por exemplo, a campanha de imunização contra a gripe foi recentemente adiantada, ocorrendo no início de março pela primeira vez em pelo menos cinco anos.
“Já é uma solicitação antiga da região Norte e Nordeste que a vacina chegasse mais cedo, mas sempre houve dificuldade por conta da rotina operacional (...) Felizmente esse ano a gente conseguiu antecipar. Em parte acho que também pela compreensão da importância (da imunização), pelo trauma que a gente passou em relação à vacinação”, diz Keny.
“É fato que parte da sociedade, talvez a maioria, passou a ter mais respeito e compreendeu mais a importância das vacinas, mas ainda temos uma parte da população que ainda tá apegada em um discurso antivacina”, completa, citando que a relutância de algumas pessoas é uma das dificuldades no processo de imunização e deixa especialmente os mais jovens, como crianças, desprotegidos.
Covid-19 no Brasil
O Brasil registrou o primeiro caso de Covid-19 no dia 26 de fevereiro de 2020. O primeiro brasileiro a ser diagnosticado com a patologia foi um homem de 61 anos, com histórico de viagem para a Itália. Na ocasião, ele foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
No dia 12 de março, o País registrou o primeiro óbito em decorrência da doença: uma mulher de 57 anos, internada também na cidade paulista. Desde então os dados da patologia subiram e, mesmo diante desse cenário, a vacina contra o vírus causador da enfermidade só chegou no País em janeiro de 2021.
Quatro anos depois, o País acumula 38.592.310 casos e 710.427 óbitos desde o início da pandemia. Dados são do Ministério da Saúde, com informações levantadas até o dia 9 de março.
Os dados sobre a patologia não apresentam mais o mesmo comportamento de disparo do início da pandemia. No entanto, segundo boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), divulgado no dia 29 de fevereiro recente, índices tiveram uma crescente no Brasil em 2024 e retratam 70% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados este ano.
(O povo)