Análise: erros repetidos e falta de soluções ofensivas carimbam eliminação precoce da Seleção

 

Uruguai 0 (4) x (2) 0 Brasil - veja os pênaltis

Dorival Júnior disse que a Seleção volta para casa com mais pontos positivos do que negativos, mas no momento é preciso se preocupar - e muito - com a dificuldade para encontrar espaços, conectar meio de campo e ataque, e ferir seus adversários. Contra o Uruguai, o roteiro se repetiu e a queda nos pênaltis castigou um time que não apresentou argumentos suficientes para sequer chegar perto de vencer.

O Brasil que se organiza para sofrer pouco defensivamente também tem dificuldade no outro lado do campo. Em Las Vegas, a saída de bola não funcionou e as poucas boas jogadas saíram de bolas longas. O clamor por Endrick não se justificou, assim como Rodrygo foi discreto atuando na esquerda como tanto pediu.

Falar em pontos positivos não é bem a melhor maneira de se comunicar com um torcedor descrente após série de insucessos. O Brasil não se classificou para os Jogos de Paris, é sexto nas eliminatórias e agora acumula a queda precoce na Copa América.

Falando do jogo em si, Brasil e Uruguai não fizeram jus nem de perto à tradição que carregam. As 41 faltas (26 dos uruguaios) deram o tom de um clássico picotado, nervosos e com mais preocupação em se proteger do que agredir.

Uruguai 0 (4) x (2) 0 Brasil - veja os pênaltis

De imediato, foi possível ver que o Brasil entrou em campo com um nível de competitividade maior do que diante da Colômbia. Por mais que os uruguaios até tivessem circulação de bola a partir do meio de campo, os brasileiros duelavam mais e conseguiam levar a melhor. Faltava, no entanto, ajuste na saída de bola.

O Uruguai colocava Pellistri e Darwin Nuñez na meia lua e fechava espaços para que Alisson, Militão e Marquinhos fossem além de carimbar a bola de um lado para o outro. Curiosamente, foi a partir da necessidade de alongar as bolas que a Seleção melhorou.

Paquetá foi bem nas segundas bolas e acabava ou segurando para que o time saísse ou desviando para que os atacantes aproveitassem os espaços nas costas da zaga. Foi assim que Raphinha ficou frente a frente com Rochet duas vezes, mas parou no goleiro do Inter.

Dorival fica fora da roda dos jogadores da Seleção antes dos pênaltis

Dorival fica fora da roda dos jogadores da Seleção antes dos pênaltis

A força de Endrick para disputas diretas também ajudou o Brasil nesse jogo de maior profundidade e incomodou bastante os zagueiros uruguaios. Em determinado momento, o clima ficou quente até demais e a Seleção soube usar a intensidade a seu favor para terminar o primeiro tempo melhor.

Os espaços na frente da área, por sua vez, voltaram a gerar problemas e foi a partir de uma finalização de Ugarte por ali que o Uruguai teve sua melhor chance. Os 50% de posse de bola para cada lado, 5 a 4 de finalizações para os uruguaios e 2 a 0 de finalizações no gol para os brasileiros demonstram o quanto a etapa inicial foi equilibrada.

O Uruguai voltou do intervalo com maior agressividade e se manteve no campo de ataque pelos primeiros dez minutos. A partir do momento que Rodrygo entrou no jogo, o Brasil conseguiu respirar um pouco mais e foi em arrancada do camisa 10 que ficou em superioridade numérica. Nandez fez falta feia em carrinho por trás e foi expulso.

Confira a coletiva de Dorival Jr. após a eliminação do Brasil na Copa América 2024

Confira a coletiva de Dorival Jr. após a eliminação do Brasil na Copa América 2024

Dorival trocou peças, mas a falta de espaços no meio de campo continuou. Encaixotado, o Brasil trocava passes de um lado para o outro na primeira linha sem conseguir criar.

A entrada de Evanilson e até mesmo Militão avançado para buscar bolas aéreas nos minutos finais foram as alternativas. Nada que levasse muito perigo ao gol de Rochet.

Reflexo de um time que deixa a Copa América com a defesa arrumada, mas com muito a ajustar do meio para frente.

 
G1

Postagens mais visitadas