Após morte do Papa Francisco, Igreja passa pelo período de Sé Vacante; entenda como funciona

 

Após morte do Papa Francisco, Igreja passa pelo período de Sé Vacante; entenda como funciona
Foto: Vatican Media



Com a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica entrou oficialmente no período conhecido como Sé Vacante – expressão em latim que significa “trono vazio” e designa o intervalo entre o falecimento ou renúncia de um pontífice e a eleição do seu sucessor.

Durante a Sé Vacante, o governo da Igreja não fica sem liderança, mas passa a ser administrado pelo Colégio dos Cardeais, que assume as funções essenciais até a escolha do novo Papa. No entanto, a autoridade dos cardeais é limitada, pois a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II, determina que cessa o exercício das funções dos responsáveis pelos Dicastérios da Cúria Romana, com exceção de cinco cargos específicos que continuam ativos para garantir a administração ordinária da Igreja.

Entre esses cargos estão:

  • O Camerlengo da Igreja Romana, responsável por organizar os preparativos para o Conclave e administrar os bens da Santa Sé durante a vacância;
  • O Penitenciário-Mor, que cuida das questões relacionadas ao perdão de pecados graves;
  • O Cardeal Vigário Geral para a Diocese de Roma;
  • O Cardeal Arcipreste da Basílica de São Pedro; e
  • O Vigário Geral para a Cidade do Vaticano.

O Camerlengo, em especial, tem papel central: ele certifica oficialmente o falecimento do Papa, lacra os aposentos papais e supervisiona os ritos fúnebres, além de coordenar a organização do Conclave, a assembleia secreta dos cardeais que elegerá o novo pontífice.

Durante a Sé Vacante, algumas práticas litúrgicas são ajustadas. Por exemplo, nas missas, os fiéis deixam de mencionar o nome do Papa, rezando apenas pelo bispo diocesano local, e o Trono de São Pedro permanece vazio e sem uso até a eleição do novo líder.

O período de vacância costuma durar entre 15 e 20 dias, prazo que permite a chegada dos cardeais de todas as partes do mundo para o Conclave, que ocorre na Capela Sistina, onde os cardeais votam em segredo até que um candidato obtenha pelo menos dois terços dos votos.

Quem será o próximo Papa depois de Francisco?

Quanto aos possíveis sucessores, não existe um nome previamente definido, e a escolha pode recair sobre qualquer cardeal elegível. Entre os favoritos apontados por analistas e especialistas do Vaticano estão:

  • Matteo Zuppi (Itália): Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, é visto como um candidato forte devido à sua proximidade com Francisco e seu papel em questões de paz.

  • Luis Antonio Tagle (Filipinas): Arcebispo de Manila, popular e considerado um potencial continuador das reformas do pontificado de Francisco. Poderia ser o primeiro papa asiático, o que representaria uma mudança histórica.

  • Peter Turkson (Gana): Com longa trajetória na Cúria Romana e conhecido por suas posições sobre justiça social, sua eleição marcaria a primeira vez que um papa negro assumiria o cargo.

  • Marc Ouellet (Canadá): Experiente na Congregação para os Bispos, é visto como um candidato moderado.

  • Jean Claude Hollerich (Luxemburgo), Jean Marc Aveline (França), José Tolentino de Mendonça (Portugal), Juan José Omella (Espanha) e Mario Grech (Malta): Outros nomes que também aparecem entre os possíveis papáveis, cada um com diferentes perfis e influências dentro da Igreja.

Além desses, cardeais brasileiros como Odilo Scherer e João Braz de Aviz também são mencionados como potenciais candidatos.

Após a eleição, o novo pontífice será anunciado pelo cardeal protodiácono na tradicional proclamação “Habemus Papam!” na Praça de São Pedro, seguido da primeira bênção Urbi et Orbi, marcando o início de seu pontificado.

Morte de Papa Francisco

O Papa Francisco, o primeiro pontífice da América Latina e o primeiro jesuíta a assumir o trono de São Pedro, morreu aos 88 anos de idade, nesta segunda-feira (21). Jorge Mario Bergoglio, que se tornou o 266º Papa em 2013, foi um líder carismático e inovador, conhecido por sua abordagem acessível e por seu compromisso com questões sociais e ambientais. A partida do líder da Igreja Católica deixa um legado complexo e multifacetado.

O Papa Francisco faleceu na manhã desta segunda-feira, 21 de abril de 2025, às 7h35, em Roma, conforme anúncio oficial do Vaticano. O pontífice lutava contra problemas de saúde há vários anos, tendo enfrentado recentemente uma pneumonia dupla que agravou o quadro clínico. Ele ficou internado no Hospital Gemelli por 38 dias e havia retornado ao Vaticano, para continuar o tratamento.

Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, foi o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica, desde sua eleição em 2013. Seu nome foi escolhido em homenagem a São Francisco de Assis. Defensor dos refugiados, dos sem-teto e do meio ambiente, Francisco realizou 47 viagens internacionais, visitando favelas e regiões periféricas, na intenção de aproximar a Igreja das comunidades excluídas.

Além disso, Francisco buscou o diálogo inter-religioso, encontrando-se com líderes judeus, muçulmanos e ortodoxos, e foi o primeiro Papa a visitar a Península Arábica, onde assinou um documento histórico com líderes muçulmanos em 2019.

O impacto global da morte do Papa Francisco

A morte do Papa Francisco não afeta apenas os católicos; sua influência se estendeu a líderes mundiais e movimentos sociais. Ele foi um defensor do diálogo inter-religioso, promovendo a paz entre diferentes crenças e culturas. A abordagem de Francisco ao ecumenismo ajudou a suavizar tensões entre católicos e outras denominações cristãs, bem como com religiões não cristãs.

Francisco também se destacou em questões econômicas, criticando o capitalismo desenfreado e defendendo uma economia mais justa que priorizasse os pobres. As mensagens do Papa sobre pobreza e desigualdade foram especialmente relevantes em um mundo cada vez mais polarizado.

A transição de liderança

Com a morte do Papa Francisco, o mundo agora aguarda ansiosamente o próximo conclave para eleger seu sucessor. A escolha do novo Papa será crucial para determinar a direção futura da Igreja Católica. Os cardeais terão a tarefa difícil de encontrar alguém que possa continuar o legado de Francisco ou talvez retornar a uma abordagem mais conservadora.

Os desafios enfrentados pelo próximo Papa incluem não apenas as questões internas da Igreja, mas também os problemas globais que Francisco abordou durante seu papado. A crise climática continua sendo uma preocupação urgente, assim como as desigualdades sociais exacerbadas pela pandemia de COVID-19.

Problemas de saúde ao longo dos anos

A história de saúde do Papa Francisco é marcada por uma série de desafios que se intensificaram ao longo dos anos, refletindo tanto seu avançado estado de idade quanto as complicações decorrentes de condições médicas anteriores. Nascido em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio, que se tornaria o Papa Francisco, enfrentou problemas de saúde desde a juventude, quando, aos 21 anos, teve parte do pulmão direito removida devido a uma grave pneumonia e pleurisia. Essa condição inicial estabeleceu um padrão para sua saúde ao longo da vida.

Desde sua eleição como Papa em 2013, Francisco tem enfrentado uma série de problemas de saúde que geraram preocupações tanto entre os fiéis quanto na mídia. Em 2021, ele passou por uma cirurgia significativa para remover 33 centímetros do cólon devido a diverticulite, uma condição inflamatória intestinal que causa dor intensa. Essa operação foi um marco em seu histórico médico e exigiu um período de recuperação que o afastou temporariamente de suas funções papais.

Nos anos seguintes, o Papa continuou a enfrentar dificuldades relacionadas à sua saúde. Em 2022, ele começou a sofrer com dores no joelho e no quadril, o que o levou a utilizar uma cadeira de rodas em público pela primeira vez. Essas limitações físicas não impediram Francisco de se comunicar com seus seguidores; ele frequentemente realizava audiências breves e mantinha contato com líderes mundiais e comunidades necessitadas.




(GCMais)

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