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Foto: Reprodução |
Na contramão do cenário nacional, que registrou uma queda de 32,4% na área desmatada em 2024, o Ceará vive um avanço alarmante no desmatamento. Segundo dados do Mapbiomas Alertas, divulgados em maio de 2025, o estado teve um aumento de 23,5% no desmatamento em relação a 2023, somando 40.108 hectares (ha) de vegetação nativa destruídos no ano passado.
O salto fez o Ceará subir da 12ª para a 9ª posição entre os estados que mais desmatam no Brasil, colocando-o no centro do debate ambiental. O avanço não se distribui de forma homogênea. Cinco municípios cearenses se destacam negativamente pelos maiores índices de desmatamento em 2024:
Acopiara – 2.160,46 ha
Mombaça – 1.844,22 ha
Jucás – 1.422,69 ha
Araripe – 1.252,46 ha
Mauriti – 1.085,59 ha
A média diária de devastação no território cearense foi de 119,5 hectares, o equivalente a mais de 100 campos de futebol desmatados por dia.
O levantamento do Mapbiomas também revela um dado preocupante: o Ceará foi o 4º estado brasileiro com maior número de alertas de desmatamento em 2024, após um aumento expressivo de 66,6% no volume de alertas em relação a 2023.
O estado agora figura entre os cinco maiores emissores de alertas no país, ao lado de Pará, Acre, Bahia e Amazonas. Juntos, esses estados concentraram mais de 60% dos alertas de desmatamento detectados no Brasil, responsáveis por 36% da área desmatada no ano.
Pela primeira vez desde 2019, o bioma Caatinga, que cobre integralmente o Ceará, registrou o maior evento de desmatamento individual do Brasil: uma única ocorrência de 13.628 hectares desflorestados, representando um crescimento de 188,1% em relação ao maior evento registrado no bioma em 2023, que foi de 4.730 hectares.
Mesmo considerando uma queda de 13,4% no desmatamento total da Caatinga em todos os estados onde ela está presente, o avanço no território cearense se mostra destoante e preocupante.
O relatório do Monitor de Fiscalização do Mapbiomas também escancara a fragilidade no controle ambiental. Dos 125.971 hectares desmatados no Ceará até dezembro de 2024, apenas 22,48% foram alvos de alguma autorização (18.721 ha) ou ação efetiva de fiscalização (11.444 ha).
No caso da Caatinga, o cenário é ainda mais crítico. Apenas 23,6% da área desmatada contou com autorização ou fiscalização, e o percentual de alertas que tiveram qualquer tipo de resposta administrativa — seja licença ou fiscalização — foi de apenas 5,8%, o mais baixo entre todos os biomas brasileiros.
(GCMais)