Três PMs são acusados de agredir e balear suspeito de tráfico de drogas na Aldeota, em Fortaleza

 

 Foto de um policial militar, de costas, em frente ao Complexo Integrado de Segurança Pública (CISP), em Fortaleza

Três policiais militares são acusados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) de lesão corporal grave contra um suspeito de tráfico de drogas, ocorrida no bairro Aldeota, em Fortaleza. A vítima da agressão policial foi denunciada pelo MPCE por tráfico de drogas, resistência e desacato, em outro processo criminal.

O cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Paulo Diego Rodrigues Peixoto e os soldados Antônio Elivelton Soares da Costa e Francisco Thiago Pacheco Galdino foram denunciados pelo Ministério Público no dia 11 de dezembro do ano passado. A Auditoria Militar do Ceará, da Justiça Estadual, marcou uma audiência de instrução do processo para o próximo dia 9 de julho, às 13h30.

Conforme a denúncia da 28ª Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial Militar, os três policiais militares abordaram e agrediram Luís Henrique Gutierrez Lopes, na Rua Marechal Rondon, bairro Aldeota, na noite de 7 de outubro de 2022.

Os policiais teriam visto o suspeito arremessar um pacote por cima do muro de um condomínio e decidiram realizar a abordagem. Luís Henrique afirma que "teve seu órgão genital apertado, causando-lhe dor, reagindo à abordagem ao dizer para o policial que 'procurasse uma mulher'".

O soldado Francisco Galdino teria efetuado disparos de munição calibre 12 semi-letal, em membros inferiores e superiores (frente e costas) do suspeito. O Exame de Corpo de Delito realizado em Luís Henrique constatou que "a lesão suportada pela vítima resultou em incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias", segundo o MPCE.

Em Resposta à Acusação apresentada no processo, a defesa dos três PMs afirmou que discorda "do entendimento e ilações esposados pelo órgão acusador" e que está "confiante que durante a instrução do processo, toda a sequência fática será comprovada, exsurgindo a inocência dos acusados".

Acusação de tráfico de drogas

Luís Henrique Gutierrez Lopes foi preso em flagrante, naquela abordagem, o que motivou uma denúncia do Ministério Público do Ceará contra ele, em outro processo, pelos crimes de tráfico de drogas, resistência e desacato. O acusado foi solto pela Justiça Estadual, em audiência de custódia, no dia 10 de outubro do ano passado.

Segundo a denúncia do MPCE, os policiais entraram no condomínio com autorização do síndico e encontraram dois pacotes com drogas (20g de cocaína e 35g de crack), que teriam sido arremessados por Luís Henrique.

O acusado ainda teria proferido palavrões contra os policiais e instigado um cão da raça Pitbull a atacar os PMs. "Neste momento, foram efetuados disparos de munição não letal. Ainda, devido a resistência, foi necessário o uso da força para conter e algemar o réu", concluiu a 5ª Promotoria de Justiça do Combate aos Delitos de Crime de Drogas.

A defesa de Luís Henrique Gutierrez Lopes alegou, no processo criminal, que "o  denunciado não foi pego com nada de ilícito, e nenhum elemento que indique que, no momento de sua prisão em flagrante, estaria em condição de traficância/mercancia, ou ainda outros elementos que comprovem sua habitualidade no crime de tráfico de drogas".

Segundo a defesa, o cliente sofreu tortura dos policiais militares e foi alvo de uma prisão em flagrante ilegal. "A arma 'menos' letal, foi nitidamente posta a curta distância do corpo do Paciente. Portanto, se tratando de 'tiro a queima roupa', pois, a zona de queimadura ou de chamuscamento, que é um efeito secundário do tiro, está presente. Assim, sendo observada esta zona, ao redor do orifício de entrada, e não de saída, estamos diante de um tiro efetuado, a curta distância da vítima", alegou.

DN 

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