Denúncias de racismo crescem 13% no Ceará no primeiro semestre de 2025, aponta Supesp

Denúncias de racismo crescem 13% no Ceará no primeiro semestre de 2025, aponta Supesp
Foto: Carlos Gibaja - Casa Civil
 



O número de denúncias de crimes de racismo no Ceará aumentou 13% no primeiro semestre de 2025, de acordo com a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp). Foram 182 ocorrências registradas entre janeiro e junho, contra 161 no mesmo período de 2024.

Abril foi o mês com maior número de registros, com 46 casos. O levantamento considera crimes e atos de preconceito de raça ou cor comunicados à polícia.

A Secretaria da Igualdade Racial (Seir) foi criada com a atribuição de ampliar políticas de enfrentamento ao racismo. A secretária Zelma Madeira afirmou que “racismo não é brincadeira pesada, é crime”.

Segundo ela, a interiorização da política de equidade racial é uma ferramenta adotada para alcançar os 184 municípios cearenses. “Seja por meio de formações, de projetos como o Município Sem Racismo ou de ações afirmativas, nosso objetivo é fazer com que mais pessoas saibam identificar e registrar esses crimes, para que sejam punidos conforme determina a legislação”, disse.

Denúncias de racismo crescem no Ceará

A Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrim), da Polícia Civil do Ceará, foi inaugurada em 15 de fevereiro de 2023. A unidade funciona em Fortaleza, no bairro Papicu, em Fortaleza.

A delegacia atende vítimas de discriminação em razão de raça, cor, religião ou orientação sexual. O registro das ocorrências é feito presencialmente, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Os dados mostram crescimento nas comunicações oficiais de casos. As autoridades reforçam que o registro é necessário para investigação e responsabilização dos autores.

Ceará registra aumento nos casos de homofobia e transfobia

O Ceará também registrou 193 casos de homofobia e transfobia no primeiro semestre de 2025, um aumento de 13% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizadas 170 vítimas. Junho, mês marcado pelo Orgulho LGBTQIAPN+, concentrou o maior número de casos, com 39 ocorrências, envolvendo agressões físicas, verbais, ameaças e discriminação.

Para a presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB Ceará, Ivna Costa, os números revelam a necessidade de políticas públicas voltadas para o enfrentamento da violência contra pessoas LGBTQIAPN+. “A gente aposta fielmente na força transformadora da educação, na desconstrução, da discriminação e do preconceito. Então, ao observar um dado desse, pode ter certeza que as nossas ações são intensificadas, com o objetivo de desmontar toda essa estrutura social que faz com que o fato de você ter uma orientação sexual, uma identidade de gênero diversa, você ali está alvo de preconceito”, comentou.

Por outro lado, segundo o secretário executivo de Diversidade do Ceará, André Marinho, o aumento nos números também pode indicar uma maior conscientização sobre os direitos e confiança da população nos canais de denúncia. “Esse aumento demonstra que as pessoas estão cada vez mais cientes dos seus direitos e têm cada vez mais confiança nos órgãos de denúncia, nos canais de denúncia e de acolhimento. Quanto mais a gente incide, no sentido de demonstrar para a população os seus direitos, e demonstra onde denunciar, a tendência é que essas pessoas parem de não denunciar e efetivem as suas respectivas denúncias”, aponta ele.

Ivna reforça ainda a importância da educação para garantir o respeito e a dignidade das pessoas. Ela assinala que é preciso que a população esteja bem informada, para que essas pessoas tenham mais oportunidades e portanto mais direito à dignidade – “não apenas viver, mas viver com dignidade e bem”.




(GCMais)

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