Um homem apontado como um dos chefes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, foi preso na tarde da última quinta-feira, 29, pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
Glailson Peixoto Lemos — conhecido por diversos apelidos, como Bigulim, Pelé, Jeová, 03, Timbó ou Terrorista — é suspeito de participar de um homicídio ocorrido um dia antes em Capanema, município do Estado do Pará. Ele teria matado um antigo aliado seu, Marlon Sousa do Nascimento, o "Vaqueirinho".
Glailson foi preso em Sobral, na Região Norte do Estado, ocasião em que também foi autuado por tentar matar dois dos policiais responsáveis pela sua prisão. Conforme os depoimentos dos agentes de segurança, Glailson trafegava em uma caminhonete modelo Hilux, de cor branca, quando foi dada voz de parada.
Ele
não teria obedecido o comando e ainda teria jogado o veículo na direção
dos policiais. Os policiais, porém, atiraram nos pneus do automóvel e
evitaram o atropelamento. No carro junto a Glailson estava Alan Silva
Sousa, conhecido como Alan Baião.
Foi com a mesma Hilux com a qual Glailson teria tentado contra a vida dos policiais que ele havia viajado e retornado do Pará, conforme informações do Departamento de Inteligência da Polícia Civil do Ceará (DIP).
Já a Polícia Civil do Pará identificou que uma Hilux branca deu apoio
ao motociclista que efetuou os disparos que vitimaram Marlon. A
caminhonete, porém, havia tido a placa retirada, flagraram câmeras de
vigilância.
Além disso, quando Glailson foi preso em Sobral, foi encontrada dentro da Hilux uma roupa semelhante à utilizada pelo executor do assassinato. Conforme denúncias anônimas, Glailson determinou a morte de Marlon porque este havia decidido deixar a GDE para virar Massa ou Neutro.
"O vaqueiro está querendo virar porque o jogo do bicho era só dele e agora a organização que a metade", afirmou o denunciante. A fonte ainda disse que Marlon também havia ameaçado Glailson de morte. Marlon teria ido ao Pará esconder-se, pois, contra ele, havia mandados de prisão em aberto.
Atuação de Glailson em Maracanaú
A Draco obteve o relato de diversas testemunhas que indicam o envolvimento, já há vários anos, de Glailson no crime organizado de Maracanaú.
Um desses testemunhos foi o de Carlos Alberto Portela, o Beto 2, preso em janeiro deste ano suspeito de ser uma liderança do Comando Vermelho (CV) em Maracanaú e em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Na ocasião, Carlos Alberto citou Glailson como uma das pessoas que estavam à frente da GDE em Maracanaú, também afirmando que ele havia atentado contra a sua vida.
Relatório da Draco indicou que Glailson é hoje uma das principais
lideranças em liberdade da GDE, tendo atuação em bairros como Alto da
Mangueira, Piratininga, Maracanãzinho, Timbó, Coqueiral, Novo Maracanaú e
Industrial, assim como em municípios como Capistrano e Baturité, ambos localizados no Maciço de Baturité, e Quixadá, no Sertão Central do Estado.
A Draco também afirmou que Glailson goza de prestígio junto aos seus "superiores hierárquicos" na GDE, como, por exemplo, Yago Steferson Alves dos Santos, um dos fundadores da facção e que, atualmente, conforme a especializada, está escondido no exterior — não foi dito qual seria o país, porém.
“BIGULIM tem sido o responsável por fomentar o tráfico de drogas e por decretar/ordenar a morte de faccionados rivais, bem como de criminosos/viciados que contraem dívidas e não pagam ou que cometam atos que vão de encontro ao estatuto da ORCRIM (organização criminosa), como aconteceu com as vítimas de homicídio na citada região”, também afirma relatório da Draco.
“É responsável também pela expulsão de moradores dos bairros repetidamente citados. As decisões/autorizações relacionadas ao cometimento de crimes e até de alguns assuntos alheios passam pelo crivo de GLAILSON PEIXOTO LEMOS, v. (vulgo) ‘Bigulim’ ou ‘Pelé’ ou ‘Jeová’ ou ‘03’ ou ‘Timbo’ ou ‘Terrorista’ ou ‘.30’ ou ‘Grande’ ou ‘Gordão’ ou ‘Fofinho’”.
(O Povo)