Eleição em Santa Quitéria causa discussão de deputados da base

 De Assis Diniz e Acrísio Sena defenderam a candidatura de Lígia Protásio pelo PT e Jeová Mota a de Joel Barroso pelo PSB. Ambos os partidos integram a base do governo Elmano


Santa Quitéria terá nova eleição para prefeito
Santa Quitéria terá nova eleição para prefeito / Crédito: Samuel Setubal

A eleição suplementar para prefeito de Santa Quitéria, distante 223,46 quilômetro de Fortaleza, foi motivo de divergência entre deputados da base do governista na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira, 21. Maior município em extensão territorial do Ceará, Santa Quitéria terá eleição para prefeito no próximo domingo, 26. O prefeito reeleito no ano passado, José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), foi cassado.

Petista critica prefeito interino

O assunto foi levado ao plenário por Acrisio Sena (PT). Em aparte concedido pelo colega de bancada De Assis Diniz (PT), ele afirmou que refletores foram apagados durante ato de campanha da candidata Lígia Protásio (PT). Acrísio lembrou da cassação de Braguinha por envolvimento com facção criminosa. O atual prefeito em exercício e candidato na eleição suplementar, Joel Barroso (PSB), é filho de Braguinha.

"Nós tivemos lá um momento delicado quando as luzes foram apagadas para deixar a carreata no escuro em pleno coração de Santa Quitéria. E eu diria que a grande pergunta que nós temos que fazer para a população de Santa Quitéria: por que está acontecendo nova eleição?", questionou Acrísio.

O petista prosseguiu: "Alguma coisa de errado houve. Nós temos dois caminhos, permanecer no erro ou nós inaugurarmos uma nova página com duas mulheres guerreiras, Lígia e Rayana (Bendor, candidata a vice)".

No fim de semana passado, líderes estaduais tanto de PT quanto de PSB participaram de atos de campanha em Santa Quitéria. O deputado federal José Guimarães e os deputados estaduais De Assis e Acrísio estiveram em comício de apoio a Lígia. Pelo lado do PSB, o senador Cid Gomes levou deputados, entre eles Jeová Mota e os federais Júnior Mano e Robério Monteiro, para respaldar a campanha de Joel.

O deputado petista também relembrou do período em que o então prefeito Braguinha foi afastado do cargo pela Justiça e Lígia, que era vice-prefeita, assumiu o posto, no mandato anterior. De acordo com Acrisio, a candidata mostrou capacidade de gestão e de levar novos ares para Santa Quitéria.

Ao final do aparte, De Assis afirmou que o parlamento não era o local de municipalizar as discussões, mas reforçou que a eleição "só termina quando se apura o último voto". "Vamos estar ao lado da Lígia, do PT", declarou.

Deputado do PSB critica ex-vice-prefeita

Algum tempo depois, foi a vez de Jeová Mota (PSB) abordar o assunto. Ele disse que o PT está dividido internamente, com os dois únicos vereadores do partido em Santa Quitéria apoiando Joel Barroso, apesar de o partido ter candidatura própria.

Em resposta a Acrísio, Jeová apontou falhas na gestão de Lígia durante o período no qual ela permaneceu como prefeita. Segundo o deputado, a ex-vice-prefeita deixou problemas administrativos.

"Só esclarecer, deputado Acrísio, a Lígia, que foi prefeita por 10 meses, ela conseguiu fazer com que o município que estava com as suas responsabilidades fiscais com 46% da folha, ela entregou depois de dez meses com 64% da folha (comprometida). Portanto, o Município sem poder fazer convênio, sem receber dinheiro. É essa candidata que vossa excelência tá dizendo que é a solução para Santa Quitéria?", indagou.

"A candidatura do Joel é em função de a Justiça ter afastado o seu pai e agora está colocando o seu nome. O candidato conta com o apoio administrativo do Palácio (da Abolição). O governador Elmano (de Freitas) já várias vezes liberou convênio", completou.

Em seguida a fala de Jeová, De Assis chegou a pedir mais tempo para responder ao colega, mas acabou desistindo. "Coerência é coerência, para manter o critério foi dado os dois minutos, mas eu diria ao deputado Jeová… Não, acabou o meu tempo", declarou na tribuna da Alece.

Em entrevista coletiva após o fim da sessão plenária, De Assis disse desconhecer acordo para o não envolvimento de membros da base governista estadual com as candidaturas tanto do PSB como do PT em Santa Quitéria.

"Eu desconheço. Nós não abrimos mão de defender o PT. Desconheço qualquer acordo e estamos trabalhando para levar todos os gestores, deputados para estarmos juntos com a Lígia e a nossa vice Rayana", afirmou.

O petista também rebateu Jeová Mota sobre o PT do município ter feito alguma resolução de apoio a Joel e de que haja algum tipo de acordo interno. " que teve foi uma definição de ter candidatura própria e ao debater não houve fechamento de questão, mas não tem resolução liberando e apoiando não. Não existe esse acordo interno no Município. Desconheço", completou.

Além de Joel e Lígia, também concorre a ex-prefeita Cândida Figueiredo (União Brasil). Reeleito em 2024, Braguinha (PSB) e o vice, Gardel Padeiro (Progressistas), foram cassados após o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), por unanimidade, negar o recurso de ambos.

O ex-prefeito foi preso horas antes de tomar posse no novo mandato, em 1º de janeiro deste ano, por acusação de envolvimento com facção criminosa, que teria atuado para influenciar o voto dos eleitores.

Conforme a denúncia, houve ameaças a eleitores do então candidato Tomás Figueiredo por meio de pichações,  mensagens e ligações; esvaziamento de atos de campanha do adversário, por meio de ameaças de agressões físicas, danos a veículos, residências e estabelecimentos comerciais de apoiadores; telefonema com ameaça de incendiar o Cartório Eleitoral da 54ª Zona e ofensa a servidores; descoberta de mensagens em que membros do Comando Vermelho orientavam os executores das pichações para que omitissem o nome do candidato Braga; compra de veículo de luxo para ser transportado até o Rio de Janeiro, para ser entregue na Favela da Rocinha a a chefe de facção, com R$ 1,2 milhão em dinheiro.



(O Povo)

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