Uma descoberta de uma característica inédita na mineralogia moderna pode colocar Quixeramobim no centro das atenções de investidores nacionais e internacionais.
Segundo pesquisa do doutor em Geologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Isaac Gomes de Oliveira, gemas (minerais de alto valor econômico) coletadas no município, quando atravessadas pela luz, apresentam atributos de cores e formas nunca antes vistas em nenhum mineral do mundo.
Os minerais analisados são do tipo grossulária, comumente usado em joias. Isaac explica que a descoberta da característica única permite que tanto o valor científico quanto o valor econômico das gemas sejam ampliados.
“No caso específico das grossulárias de Quixeramobim, essa possível nova figura de interferência, até então exclusiva dessas amostras brasileiras, representa um marcador óptico natural de origem, algo raríssimo e altamente valorizado. Esse elemento tão singular pode, sim, contribuir para ampliar o valor comercial das gemas cearenses, especialmente porque elas já possuem qualidade moderada a alta”, destaca.
De acordo com o pesquisador, a identificação da proveniência do mineral é algo difícil de ser estabelecido para várias gemas ao redor do mundo, o que, consequentemente, agrega prestígio e confiança aos minerais nos quais é possível fazer essa identificação.
Assim, com mais estudos e análises detalhadas, a tendência é que esse diferencial óptico se consolide como uma assinatura de procedência, facilitando a certificação e aumentando a confiança do mercado internacional.
“Esse tipo de singularidade tende a despertar interesse de colecionadores, joalheiros e laboratórios internacionais, aumentando a visibilidade do Ceará no cenário global de gemologia. No entanto, esse processo é gradual. A valorização plena depende de novos estudos e análises complementares”
O pesquisador lembra, no entanto, que o impacto imediato da descoberta é, principalmente, científico, e que a descoberta representa apenas o primeiro passo de uma longa jornada para a concretização dos benefícios do estudo.
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| Foto: Divulgação |
Validação internacional poderia agregar até 200% no valor, diz economista
De acordo com o membro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Eldair Melo, a valorização mercadológica de uma gema depende de três fatores cruciais:
- A raridade real e a replicabilidade das gemas disponíveis;
- A qualidade e a estética, incluindo cor, transparência e lapidação;
- A validação e certificação por laboratórios renomados e casas de leilão.
Para ele, a estratégia a ser seguida é agregar valor ao item e ir além da simples matéria-prima, investindo em extração responsável, lapidação, certificação de origem, criação de marcas regionais em Quixeramobim e criação de um selo exclusivo para a gema.
O economista aponta que uma validação internacional poderia agregar de 20% a 200% no preço por quilate de uma grossulária de alta qualidade.
“Isso se aplica a exemplares com exposição e valor de coleção, dependendo da raridade e do histórico. Contudo, essas são exceções e dependem, em grande parte, das casas de leilão e das marcas de luxo que estabelecem a precificação”, esclarece.
Assim, os possíveis compradores do mineral, segundo Eldair Melo, seriam:
Nesse sentido, o economista considera evidente a possibilidade da descoberta atrair investidores para Quixeramobim, tanto a médio quanto a longo prazo. Além da valorização da atividade garimpeira formal e da cadeia produtiva local, o turismo ecológico e científico podem ganhar força significativa no município, impulsionando serviços como hospedagem e a realização de eventos.
“Outro ponto relevante é o estabelecimento de um Centro de Pesquisas e Spin-Offs Tecnológicos. A descoberta, com suas propriedades ópticas, abre portas para parcerias com universidades, centros de fotônica e startups. Isso permite transformar o ativo mineral em conhecimento, patentes e empreendimentos locais, aproveitando o crescente mercado mundial de fotônica, que fomenta investimentos em pesquisa e tecnologia”, salienta.
Entenda a característica rara
No fenômeno óptico, a luz atravessa os minerais e se propaga em várias direções simultaneamente, gerando uma aglutinação de cores como azul, amarelo e roxo em uma configuração semelhante a um mosaico.
Essas características geradas a partir da luz são chamadas de figuras de interferência e diferem das 10 figuras já conhecidas pela ciência, estabelecidas há pelo menos sete décadas.
Todos os sete exemplares de grossulária coletados aleatoriamente para o estudo em Quixeramobim apresentaram a mesma forma de mosaico ao serem atravessados pela luz, o que, segundo o pesquisador, confere consistência e representatividade à pesquisa.
(Diário do Nordeste)




