Tema da redação do Enem reflete realidade do Ceará com aumento acelerado da população idosa

Tema da redação do Enem reflete realidade do Ceará com aumento acelerado da população idosa
Foto: Marcelo Camargo / AB




O envelhecimento da sociedade brasileira foi o tema da redação do Enem neste ano. O assunto é atual e reflete uma mudança importante na estrutura demográfica do país, já que a idade média da população está cada vez mais alta. No Ceará, esse cenário também é evidente e traz desafios que exigem reflexão e preparo para o futuro.

De acordo com o IBGE, o número de pessoas idosas no estado passou de cerca de 920 mil em 2010 para mais de 1,2 milhão em 2022, um crescimento de 40,2%. Em Fortaleza, o avanço foi ainda maior, de 257 mil idosos em 2010 para 365 mil em 2022, um aumento de 41,9%. O envelhecimento da população brasileira está acontecendo cada vez mais rápido, tanto que os alunos que fizeram o Enem neste ano, quando chegarem aos 60 anos de idade, serão maioria em relação ao restante da população.

Os dados mostram também que o número de cearenses com mais de 90 anos cresceu significativamente. Em 2010, eram cerca de 25 mil pessoas nessa faixa etária. No último censo, o total subiu para 39 mil. Só em Fortaleza, o número praticamente dobrou, passou de 4,5 mil para mais de 10 mil.

Segundo Vyna Leite, coordenadora de políticas públicas, essa nova realidade traz muitos desafios. “A gente tem que pensar uma perspectiva de cuidado para aquelas pessoas que realmente mais precisam, na questão do acolhimento, mas também pensar a promoção dessa pessoa ter uma cidadania realmente mais ativa na sociedade. Ela precisa estar bem, com saúde, com acesso à educação e às políticas sociais de forma geral”, explicou.

Entre os desafios, a mobilidade é um dos principais. “A mobilidade é um grande obstáculo, ainda mais quando o transporte coletivo não consegue entender a vulnerabilidade deles”, destacou Vyna.

Aumento acelerado da população idosa no Ceará

Para a aposentada Mazé Silva, a situação melhorou em alguns aspectos, mas ainda há muito o que avançar. “Tem que ter um empurra-purra, né?”, brincou, em referência à dificuldade de embarque nos ônibus, mesmo com a prioridade garantida.

A saúde é outra preocupação que cresce com o envelhecimento. Na Casa de Cuidados do Ceará, encontramos Lourival da Silva, que, mesmo enfrentando limitações impostas pela idade, mantém o bom humor e a vontade de viver ao lado da esposa, com quem se casou depois dos 60 anos.

Para atender a essa demanda crescente, novos profissionais estão sendo formados. Em um curso que prepara 30 cuidadores, os alunos aprendem a olhar com mais sensibilidade para as pessoas idosas. “Para ser uma boa cuidadora tem que ter bastante amor e carinho, muita responsabilidade e prática também”, disse Maria Valnice Gomes, aluna do curso.

A geriatra Ursula Wille Campos reforça que essa é uma necessidade urgente. “Aumentam os desafios de cuidar dessa população idosa. Com a idade, aumentam também as doenças crônicas, as incapacidades e as necessidades de ajuda. A gente precisa pensar, como sociedade, em como estruturar essa rede de apoio — garantindo cuidadores, aposentadoria digna e suporte às famílias que precisam cuidar de pessoas dependentes”, explicou.


(Portal GCMAIS)

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