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| Foto: Reprodução |
Dados recentes mostram que a violência no ambiente escolar tem aumentado significativamente no Brasil e também no Ceará. “São casos em que alunos estão contra alunos, agem contra professores e que merecem a atenção da família, merecem a atenção da escola e também das políticas públicas”, afirma Denisa Neiva, psicóloga. A especialista destaca que a situação envolve desde agressões físicas até violência psicológica e, em alguns casos, agressões sexuais, chamando atenção de autoridades, educadores e famílias.
Segundo dados da Agência Tatu de Jornalismo, as notificações de violência em escolas no Brasil saltaram de 3.746 em 2014 para 14.747 em 2024, um aumento de 294%. No Nordeste, embora a região apresente a menor taxa por 100 mil habitantes, os casos quintuplicaram na última década. O Ceará se destaca com crescimento de 943%, passando de 42 registros em 2014 para 438 em 2024, liderando o ranking nacional. “A notificação se tornou mais frequente a ponto de podermos traçar um perfil dos agressores mais comuns. São os homens, geralmente envolvidos em homofobia, bullying e misoginia”, explica a psicóloga.
Medidas de prevenção e políticas públicas
Para Denisa, a prevenção da violência escolar depende da ação conjunta de escolas, famílias e políticas públicas. “Dentro de casa, os pais que geralmente não estavam preparados, que estão na faixa entre 40 e 50 anos, precisam monitorar seus filhos. A prevenção passa pela observação atenta da escola, pelo cuidado dos pais e pela adoção de políticas públicas que levem à cultura de paz”, afirma. Ela destaca o Projeto Previne, do Ministério Público do Ceará, que atua em escolas públicas e privadas para combater bullying, homofobia e misoginia, promovendo um ambiente mais seguro e pacífico.
Além das ações do Ministério Público, o Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) lançou a Resolução nº 514/2024, que estabelece diretrizes para educação em direitos humanos, cultura de paz e justiça restaurativa em todas as escolas do estado, públicas e privadas. O documento orienta metodologias participativas e dialógicas, adaptadas à realidade dos estudantes, e enfatiza a importância de um trabalho em rede contra todas as formas de discriminação, incluindo racismo, LGBTQIAPN+fobia, misoginia e capacitismo.
A Secretaria de Educação do Ceará também mantém projetos como Escola Acolhedora, Previne – Violência nas Escolas, materiais pedagógicos sobre cidadania digital e prevenção à violência, além de cursos temáticos como “Lola Aronovich” e a “Semana da Internet Segura”. Em Alagoas, programas como Coração de Estudante e protocolos de prevenção à LGBTfobia orientam escolas públicas e promovem acolhimento, rodas de conversa, palestras e reuniões intersetoriais. Todas essas ações buscam criar ambientes seguros e inclusivos, promovendo o bem-estar emocional e social dos estudantes.
Denisa Neiva reforça que a violência nas escolas é um reflexo de problemas sociais mais amplos e que é preciso atenção constante. “A prevenção não é só da escola, não é só da família; precisa ser um esforço conjunto, envolvendo políticas públicas que promovam uma cultura de paz e respeito dentro e fora das instituições de ensino”, conclui. Os especialistas alertam que, sem acompanhamento e educação adequada, os casos podem continuar crescendo, prejudicando o desenvolvimento e a segurança dos jovens em todo o país.



