'Pegada suicida', impacto no tórax e exercício arriscado: o que se sabe sobre morte de homem atingido por barra de supino em academia

 

 O presidente do Centro Cultural Palácio dos Bonecos Gigantes de Olinda, Ronald José Salvador Montenegro, de 55 anos, morreu após uma barra de supino cair sobre seu tórax enquanto treinava. O acidente aconteceu na segunda-feira (1º), enquanto a vítima malhava na RW Academia, em Olinda.

Ronald foi filmado pela câmera de segurança fazendo o exercício. Nas imagens, é possível ver ele deitado no banco de supino reto com barra livre. Segundo especialistas, esse tipo de exercício requer atenção, pois uma pegada errada na barra pode provocar acidentes. 

Foto: Reprodução/WhatsApp

Após o impacto, ele se levanta, mas cai no chão segundos depois. Segundo Lúcio Beltrão, presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref) da 12ª Região/Pernambuco, uma pegada errada pode ter causado o acidente.

O que causou o acidente?

Segundo Lúcio Beltrão, presidente do Cref, não se pode atribuir de maneira oficial o acidente à "pegada suicida", mas os riscos são consideravelmente maiores. O profissional afirmou que movimentos com peso livre, como o supino e o agachamento, estão entre os mais arriscados por não contarem com sistemas de travamento.

Por causa disso, segundo ele, acompanhamento profissional é essencial para realização desses exercícios.

Como ocorreu e qual a causa da morte?

De acordo com o especialista, a barra, ao despencar, atingiu uma região do corpo chamada Zona de Ziedler, área bastante sensível para lesões cardíacas e vasculares — o que faz do supino um dos exercícios mais arriscados.

Segundo parentes, Ronald entrou na academia por volta das 19h50. Às 20h05, a família recebeu uma ligação do estabelecimento avisando do acidente.

A vítima foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Doce, mas não resistiu, tendo a morte confirmada e comunicada aos familiares por volta das 20h30.

O caso está sendo investigado?

De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado na Delegacia de Rio Doce como morte acidental. A corporação não informou se alguém prestou depoimento sobre o caso.

Até a última atualização desta reportagem, o laudo da morte de Ronald não havia sido finalizado.

O que diz a academia?

Ronald malhava na RW Academia, na unidade de Jardim Atlântico. Procurada, a empresa disse que prestou atendimento imediato ao homem e que realiza treinamentos periódicos de primeiros socorros.

Em nota, o estabelecimento se solidarizou com o falecimento do aluno e disse que o ocorrido foi um acidente, "uma fatalidade que deixou a todos nós muito abalados". A nota diz ainda que a academia reitera os sinceros sentimentos a toda a família.

A academia também foi questionada se o local está apto a realizar primeiros socorros e por que não havia um profissional acompanhando Ronald durante o exercício. A empresa respondeu que:

  • a equipe prestou atendimento imediato, acionando socorro especializado;
  • a academia é devidamente registrada no Conselho Regional de Educação Física;
  • embora primeiros socorros façam parte da formação em Educação Física, a academia realiza treinamentos periódicos de primeiros socorros com toda a equipe;
  • há professores formados para atender os alunos em todos os horários.

Quem era a vítima?

Ronald Montenegro e os filhos Milena e Ronald Junior. — Foto: Acervo pessoal


Nos últimos anos, Ronald, que trabalhava como profissional autônomo no setor de logística, morava perto da academia RW, em Jardim Atlântico. Parentes contaram que Ronald praticava musculação há mais de 30 anos e nunca sofreu nenhum outro acidente ao se exercitar.

Ronald era presidente do Centro Cultural Palácio dos Bonecos Gigantes de Olinda, no bairro do Carmo, localizado no Sítio Histórico da cidade, e era um carnavalesco apaixonado.

Em nota de pesar, o centro classificou Ronald como "um criador, um defensor apaixonado pela cultura popular e um dos grandes responsáveis por manter viva a tradição dos bonecos gigantes que encantam Olinda e o mundo".

O Homem da Meia-Noite, uma das principais agremiações carnavalescas de Pernambuco, também lamentou a perda e disse que Ronald tinha "paixão pelo frevo, pelos nossos símbolos e pelas tradições que guardamos com tanto carinho". 



(g1)

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