Uma semana após o início de paralisação de mais de 1.600 carros-pipa,
como são conhecidos os caminhões que transportam água para comunidades
rurais, voltaram a circular pelas rotas da Operação Pipa mantida pelo
Ministério da Integração Nacional no Ceará. Mais de 800 mil habitantes
são assistidos no Estado pelo programa emergencial coordenado no País
pelo Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro (Coter).
Os pipeiros voltaram a abastecer as cisternas de mais de 200 mil
comunidades cearenses logo ao amanhecer do feriado da Proclamação da
República.
O objetivo é normalizar as rotas o mais breve possível e repor a água
das cisternas para não causar mais transtornos à população que tem na
assistência dos carros-pipa a única água para o consumo e asseio
pessoal, explica o presidente do Sindicato dos Pipeiros do Estado do
Ceará (Sinpece), Eduardo Aragão. Ainda segundo o líder classista, o
retorno dos pipeiros às rotas estabelecidas pelas equipes da 10ª Região
Militar ocorreu devido ao empenho do Comando Militar do Nordeste (CMNE) e
da 10ª Região Militar. As reivindicações da categoria foram atendidas
na reunião realizada na véspera do feriado. Os comandantes concordaram
com a substituição do equipamento de rastreamento (GPipa), pivô das
reclamações, por uma versão mais atualizada do aparelho.
O Exército também aceitou a reposição das rotas não atendidas durante o
período da paralisação, iniciada no dia 6 de novembro passado,
normalizou 90% do pagamento dos serviços e encaminhou ofício para o
Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de
Proteção e Defesa Civil (Sedec) para reavaliação dos valores das rotas,
por quilometro rodado, o qual não é reajustado desde 2012, início do
atual ciclo de seca no Semiárido brasileiro, completou Aragão.
Com a notícia do retorno dos carros-pipa, ao amanhecer do dia, muitos
moradores passaram a aguardar nas portas das suas casas. Mas não houve
correria. Os pipeiros estão abastecendo as cisternas indicadas pelos
apontadores, atendendo as prioridades. Como a água é distribuída em
cisternas para atender no máximo cinco pessoas, sabem que será dividida
de forma justa, sem correria, explica Marly Ferreira de Lima. Ela é
apontadora da localidade de Califórnia, na zona rural de Quixadá.
Para o motorista Leandro Eder dos Santos, as aglomerações de baldes
diante dos chafarizes cessaram nas localidades onde faz entrega porque
chega a realizar de três a quatro viagens por dia. Como houve a
paralisação, de uma semana, todos os pipeiros trabalharam no feriado do
Dia da Proclamação da República e vão continuar no fim de semana. O
descanso virá somente quando regularizarem todas as rotas, acrescentou.
Segundo a coordenação da Operação Pipa no Ceará, atualmente 124 dos 184
municípios cearenses estão recebendo a assistência do programa de
abastecimento. São 22 mil rotas por todo o Estado. Até setembro, o
repasse financeiro para o programa foi de R$ 21.199.810,24, assistindo
867.200 habitantes.
Diário do Nordeste