Mais de 1.800 carros-pipa cadastrados no programa emergencial de
abastecimento d’água para comunidades rurais do Ceará, o Operação
Carro-Pipa, do Governo Federal, paralisaram suas atividades no início da
manhã desta segunda-feira (6). Eles só retornarão às rotas após serem
atendidos pelo comando geral da 10ª Região Militar do Exército
Brasileiro, responsável pelo controle e fiscalização do serviço dos
pipeiros no Ceará, informou o presidente do Sindicato dos Pipeiros do
Estado do Ceará (Sinpece), Eduardo Aragão.
Pelos levantamentos do Sinpece, a adesão foi geral. Além dos 500
proprietários de caminhões-pipa cadastrados no Sindicato, outros 1.300 a
1.500 deixaram de circular nas rotas estabelecidas a partir dos
diagnósticos levantados pelos conselhos de Defesa Civil dos municípios.
No Estado são mais de 20 mil rotas, estimam os pipeiros. Mais de 800 mil
habitantes estão sendo prejudicados com a paralisação.
As maiores concentrações de carros-pipa parados estão em Morada Nova, no
entorno do Canal do Trabalhador, onde os caminhões são abastecidos com
água considerada potável; em Orós, no entorno do segundo maior açude
público do Ceará; em Madelena, no Açude Umari, de onde passou a ser
captada água para abastecimento dos moradores rurais deste município e
vizinhos, em Banabuiú, onde está situado o terceiro maior açude do
Estado, o Arrojado Lisboa, e também em Caucaia, na região metropolitana
de Fortaleza, onde os carros-pipa abastecem para atender Canindé e
Caridade.
A paralisação está se estendendo por todo o Estado. Em Banabuiú os pipeiros também aderiram à greve. Foto > Avelino Neto
Falha no Sistema
O principal motivo da paralisação é a falha no sistema eletrônico de
aferição das rotas, o GRipa. Funcionando através de GPS, o equipamento
não registra todos os percursos realizados nos relatórios de conferência
do Comando de Operações Terrestres (Coter) do Exército Brasileiro. Há a
necessidade de confirmação através do print do mapa da rota realizada
no dia. Por conta desses transtornos o pagamento do serviço está
demorando até três meses.
Segundo o presidente do Sinpece o serviço de rastreamento por GPS é
realizado por uma empresa que recebe em média R$ 3 milhões mensais. O
valor varia porque o número de carros-pipas contratados também varia de
acordo com a necessidade de demanda. Apesar das constantes reclamações o
contrato do Governo Federal com a prestadora do serviço vem sendo
mantido deste 2012.
Bloqueio de rodovias
Além da paralisação, os pipeiros apontam para a possibilidade de
interdição de rodovias estaduais e federais. O bloqueio poderá ser
realizado 24 horas após o início da paralisação caso o comando da 10ª
Região Militar não envie representantes para conversarem com os
representantes da categoria e levarem ao órgão responsável pelo programa
emergencial, o Ministério da Integração Nacional, as reivindicações da
categoria para a solução do problema.
A 10ª Região Militar informou através da sua assessoria que se manifestará sobre o problema através de Nota pública.
Até a publicação desta edição a reportagem do Diário do Nordeste não
havia conseguido manter contato com o Ministério da Integração. Os
telefones disponíveis não atendiam as ligações.
Diário do Sertão Central


