O jovem que foi atacado por um
tubarão, no domingo (3), na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no
Grande Recife, morreu nesta segunda-feira (4), no Hospital da Restauração (HR),
no Derby, na área central da capital pernambucana. José Ernesto Ferreira da
Silva chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Com esse caso, deve subir para 65
o número oficial de ataques e para 25 a quantidade de mortes que integram a
lista do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit),
que registra os casos desde 1992, em Pernambuco. O órgão depende do laudo da
morte, ainda não divulgado, para fazer a atualização dos dados.
De acordo com o HR, a morte
ocorreu às 4h05. Segundo a assessoria de imprensa da unidade, José Ernesto
deixou o bloco cirúrgico por volta das 21h30 do domingo, após amputar a perna
esquerda e parte da genitália. O jovem ainda seguiu para a Unidade de Terapia
Intensiva (UTI).
O ataque ocorreu às 16h36 de
domingo (3), na frente da igrejinha de Piedade, área considerada pelos bombeiros
uma das mais perigosas na orla. Na área, ocorreram 12 registros de incidentes
com tubarão, de acordo com o Cemit.
Segundo a corporação, os
guarda-vidas avisaram ao jovem para que ele se aproximasse da faixa de areia,
reforçando informações contidas em placas instaladas na região. No momento do
alerta, ele foi mordido pelo tubarão.
Após ser retirado da água, José Ernestor foi socorrido pelos Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Primeiro, ele seguiu para o Hospital da Aeronáutica, também em
Piedade. Em seguida, teve que ser transferido para o HR.
O jovem sofreu duas paradas
cardíacas antes de ser submetido a uma cirurgia. Segundo o médico do Samu
responsável pelos primeiros socorros, Wagner Monteiro, a mordida atingiu o
fêmur da perna esquerda e parte do pênis do paciente.
No HR, o rapaz passou por um
procedimento de pouco mais de três horas, na noite de domingo. Os médicos
tiveram que amputar a perna esquerda para conter o sangramento. Os pais de José
Ernestor estiveram na unidade de saúde. Abalados, eles afirmaram que o rapaz
saiu de casa para ir para a praia sem avisar.
Após o incidente, o Cemit iniciou
as investigações para avaliar o caso. "Temos equipes no Hospital da
Restauração e na Praia de Piedade conversando com as pessoas que estavam
presentes na hora em que o jovem foi mordido. A ideia é coletar o máximo possível
de informações", afirmou o coronel Leodilson Bastos, presidente do órgão.
Depois da apuração, o Cemit deve
se reunir para avaliar a situação. "Nessa reunião, há a proposta de gerar
políticas públicas que possam mitigar incidentes com tubarão no futuro", diz
Bastos.
Caso recente
O incidente ocorreu na mesma área
em que um homem de 34 anos havia sido mordido por um tubarão em abril deste
ano. Pablo Diego Inácio de Melo, natural do Rio Grande do Norte, teve os
membros do lado direito do corpo amputados após o incidente.
Segundo o oficial de operações do
Grupamento Marítimo (GBmar) que participou do atendimento, capitão Arthur
Leone, o homem estava numa área sinalizada por placas, com água na altura da
cintura, quando foi mordido. Após perícias, o Cemit confirmou que o homem foi
mordido por um tubarão.
Os médicos chegaram a afrimar que
o estado de Pablo era gravíssimo e que havia risco de morte. Após passar a
respirar sem a ajuda de aparelhos, Pablo Diego conversou com a mãe no hospital.
Ela disse que o filho contou que lutou com o tubarão ao ser atacado.
O caso de Pablo foi o 64º
incidente com tubarão contabilizado pelo Cemit. Em nota divulgada na época, o
órgão apontou que o incidente foi "presumivelmente provocado por tubarão
tigre".
Depoimento
Em entrevista à TV Globo, o
potiguar Pablo Diego Inácio de Melo afirmou que havia tirado o domingo de folga
e estava jogando futebol na praia com alguns amigos. Antes de ir para casa,
eles foram mergulhar no mar para tirar a areia do corpo. (Veja vídeo acima)
O banhista também afirmou que
estava numa área rasa, com água na cintura, e achou que o tubarão era um amigo
brincando com ele. Pablo Diego também relatou ter acordado no dia seguinte
achando que o ocorrido tinha sido um pesadelo.
G1 PE