Elas relataram que tentaram
chamar operador, mas ele não as ouviu. Mariane e Tatiele teriam dado as mãos
com medo de cair.
Mariane, Talia, Tatiele e Isabela
se feriram em acidente com brinquedo em parque de diversões de Ceres (Foto:
Reprodução/Arquivo pessoal)
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Duas das quatro adolescentes que
se feriram após serem arremessadas do brinquedo Surf em um parque de diversões
em Ceres, na região central do estado, disseram às mães que não sentiram a
barra de segurança travada depois que o brinquedo começou a funcionar. Segundo
relato de Tatiele Carvalho Evangelista e Mariane Oliveira Dias, ambas de 16
anos, elas deram as mãos uma para a outra e sentiram medo.
O G1 tentou contato, por
telefone, com o responsável pelo parque, mas as ligações feitas entre 20h40 e
21h10 de domingo, e às 5h50 desta segunda-feira (27) não foram atendidas. Uma
equipe da TV Anhanguera apurou que, segundo os administradores, o parque possui
todos os alvarás de funcionamento, o brinquedo tem um ano de uso e recebe manutenção
diária.
“Ela [Tatiele] disse que desde
que entrou no brinquedo com a Mariane e mais duas adolescentes a barra desceu,
mas não travou. Ela percebeu que não tinha travado. Gritaram que estava solto,
mas o operador não escutava. Seguraram na barra e sentiram que estava caindo.
Ela disse que pediu para o colega segurar forte na barra para não deixar a
barra sair”, contou a empresária e mãe de Tatiele, Tatiane Agnes de Carvalho
Evangelista, de 36 anos.
O acidente aconteceu na madrugada
de domingo (26). A funcionária pública Joana Darc de Oliveira Dias, de 49 anos,
e mãe da Mariane, confirmou que, segundo a filha, ela e a amiga já estavam
receosas quanto à segurança do brinquedo, desde quando entraram. Elas se
apoiaram uma na outra antes do acidente.
“Ela [Mariane] disse que lembra
que a colega falou que estava com medo e a Mariane disse que também estava. Ela
falou de puxar para o mesmo lado a trava de segurança e ficou segurando na mão
da colega. Ela disse que lembra que o brinquedo começou a ir devagar, fez que
ia parar, mas começou a ficar muito rápido até que ela desmaiou e quando
acordou já estava no chão”, contou.
A estudante Talia Aparecida Pires
também se machucou no acidente e está internada com uma perna quebrada e um
possível ferimento na coluna. Mãe dela, a advogada Leidiane Pires Rodrigues, de
34 anos, disse que a filha lembra de alguns momentos de tensão.
Isabela do Amaral Vieira, de 16
anos, que está internada no Huana após acidente (Foto: Reprodução/Arquivo
pessoal)
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Já Isabela do Amaral Vieira, de
16 anos, que também se feriu no acidente, bateu a cabeça e teve um dos rins
removido em cirurgia por causa de uma hemorragia interna. Mãe dela, a dona de
casa Maria Aparecida de Amaral Vieira, 46 anos, disse que o filho dela viu a
irmã ser arremessada por último pelo brinquedo.
“Ele disse que estava sentado no
banco olhando ela. Quando pensa que não, só ouviu um estalo. Ele olhou e viu as
meninas voando e ela foi a última a ser arremessada, até que o brinquedo passou
por cima dela. Em seguida desligaram a máquina”, contou.
Acidente e investigação
O Corpo de Bombeiros informou
que, segundo testemunhas, a máquina começou a aumentar a velocidade, as travas
de segurança abriram e as meninas foram arremessadas.
O delegado que estava de plantão
na cidade no domingo, Fabio Mendanha Castilho, disse que o responsável pelo
parque e o operador do brinquedo se apresentaram prontamente à Polícia Militar
logo após o acidente. Eles foram conduzidos para a delegacia da cidade e
tiveram os dados registrados para colhimento de depoimentos detalhados.
Peritos e policiais analisam
brinquedo que deixou adolescentes feridas (Foto: Divulgação/ Corpo de
Bombeiros)
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O delegado pediu ainda que o
operador do brinquedo fosse submetido a um teste toxicológico que possa
identificar se ele havia ingerido alguma substância que pudesse comprometer o
trabalho.
“Determinei de imediato a coleta
de provas essenciais, como a perícia no local e a oitiva do operador da máquina
e dos proprietário do parque que apresentaram vasta documentação sobre a regularidade
do estabelecimento”, informou.
Segundo Castilho, a Polícia Civil
irá apurar “a legitimidade desses documentos e se alguém agiu com imprudência,
imperícia ou negligência”.
O promotor da cidade, Marcos
Rios, publicou em uma rede social que já havia solicitado da prefeitura da
cidade confirmação de que o parque cumpria as normas de funcionamento. Segundo
ele, a administração do município garantiu que o espaço atendia a todos os
quesitos necessários.
“Eu percebi que havia coisas
erradas. A situação das instalações, dá para ver quando não tem estrutura para
fazer uma coisa envolvendo criança. A gente ficam em dúvida. Tem brinquedo
instalado em cima de toco, tora, pedaço de madeira. É perigoso”, avaliou
Marcos recordou ainda que, em
agosto de 2017, a justiça havia determinado a interdição imediata do
estabelecimento. Segundo o promotor, na época, o parque ficou fechado por
alguns dias.
“No ano passado nós conseguimos
uma liminar da Justiça, mas o município e o parque fizeram adequações,
mostraram ao juiz que liberou o espaço para funcionamento”, afirmou.
A Prefeitura de Ceres divulgou em
uma rede social uma nota de esclarecimento sobre o acidente. Conforme a
administração do município, “foram adotadas as devidas providências cabíveis
para a liberação do alvará de localização e funcionamento do referido parque,
sendo que todos os órgãos de fiscalização estavam cientes da documentação
apresentada”.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o
parque tem Certificado de Conformidade do Corpo de Bombeiro Militar (Cercon).
Além disso, a direção apresentou a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e
laudos de todos os brinquedos, que estavam aptos para funcionar.
Trava de segurança se solta de
brinquedo em parque de diversões (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)
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G1 GO