Uma casa de dois andares, com grades de ferro, no centro de Juiz de
Fora (MG). Este foi o local escolhido pelo pedreiro Adelio Bispo de
Oliveira, agressor confesso do candidato à Presidência Jair Bolsonaro
(PSL), para se hospedar no último mês na cidade. Ele mora em Montes
Claros, a 677 km de distância de Juiz de Fora.
Segundo um dos
donos da pensão, Oliveira chegou ao local há duas semanas e pagou
adiantado por um mês de estadia. Na época, a notícia de que Bolsonaro
iria visitar a cidade em setembro já circulava entre os apoiadores do
candidato.
Reservado, o pedreiro pouco falou com os demais
hóspedes da pensão. Pagou R$ 400 à vista, em dinheiro, e ficou em um
quarto particular na pensão modesta. Há outros 14 quartos na casa, que
também conta com um prédio anexo. Na padaria da esquina, ele foi visto
uma única vez para comprar pão.
Logo após o crime, a Polícia
Federal foi até o local e recolheu os pertences de Oliveira, inclusive
celulares e um notebook. O quarto onde ele esteve está trancado desde
então. Na delegacia, ele disse que cometeu o crime "a mando de Deus" e
"por motivos pessoais", os quais a maioria das pessoas não entenderia.
Família
Com
medo de algum tipo represália, parentes do pedreiro deixaram a casa
onde moram no bairro Maracanã, em Montes Claros. Vizinhos disseram que
eles se transferiram para uma comunidade rural próxima, para evitar o
assédio de estranhos.
Uma das sobrinhas de Oliveira teve de
desativar sua conta no Facebook, depois que apareceu como sendo parente
do pedreiro. O jornal Estado de Minas publicou na sexta-feira, 7, que a
família estava amedrontada e sem entender os motivos para a agressão ao
candidato do PSL.
"Ele era na dele, não falava muito sobre a vida.
Disse que já foi morador de rua e que precisava trabalhar. Ficou comigo
por uns quatro meses e depois pediu para sair", afirmou ao jornal O
Estado de S. Paulo o dono de uma lanchonete em Montes Claros onde
Oliveira trabalhou.
O pedreiro foi filiado ao PSOL de Uberaba de
2007 a 2014, quando pediu para sair da sigla. O PSOL considerava
Oliveira um "militante de base" - expressão que, conforme o partido,
significa que o filiado não participava das decisões tomadas pela
legenda no município.
O PSOL disse que, por se tratar de militante
sem posto na agremiação, não é possível informar de que forma ele
participava da vida partidária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado