Após a abertura de um novo sangradouro do açude Granjeiro na manhã desta terça-feira (19), a expectativa é de que em 24 horas
a cota do reservatório diminua dois metros, o que representa 50%
da capacidade total, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Com
isso, os moradores poderão voltar para casa. Segundo a agência, o
proprietário terá de arcar com os custos da obra do vertedouro. Mais de
500 famílias foram visitadas e orientadas a deixar a área até a
eliminação dos riscos de alagamento.
De acordo com o especialista da ANA, Rogério Menescal,
após 24 horas, conforme o resultado da avaliação do órgão, as famílias
que foram retiradas da área de risco poderão retornar a seus imóveis.
“Amanhã, com o volume do açude reduzido quase pela metade, as famílias
já podem retornar, pois não haverá mais nenhum tipo de risco”, disse.
Como foi a obra
Quatro retroescavadeiras trabalharam durante mais 20
horas na abertura do novo sangradouro do Açude Granjeiro, construído na
zona rural de Ubajara há 30 anos. No fim da semana passada o
reservatório atingiu sua cota máxima e começou a sangrar. A força da
água pôs em risco a estrutura do açude. Com o risco iminente de
rompimento, mais de três mil pessoas que moram próximo à barragem
tiveram que deixar suas casas. A Defesa Civil coordenou, ao longo dia
três dias, o processo de evacuação.
Para Antônio Lucena, diretor de águas superficiais
da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), o trabalho de
abertura do novo sangradouro foi realizado “mediante estudos, para que a
vazão da água não comprometa outras barragens”. Ele garantiu ainda que
“tudo foi feito dentro das normas técnicas para que se evitasse um
colapso”.
Responsabilidade
Por se tratar de um açude particular, cujo usufruto
das águas não é feito por órgão público, o reservatório Granjeiro não é
monitorado pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). “Sua
manutenção é de inteira responsabilidade do proprietário que, ao longo
de décadas, foi negligente com os cuidados requisitados ao açude”,
pondera Menescal. Sem qualquer tipo de acompanhamento técnico e
somado às boas chuvas que caíram na região ao longo das últimas semanas,
o açude encheu e passou a apresentar risco elevado à população”,
conforme o relatório da ANA.
O proprietário do açude já foi identificado e será
autuado. “O montante empregado para a abertura do novo sangradouro será
apropriado e judicialmente cobrado ao proprietário do reservatório”,
destacou o representante da ANA. Os custos totais, no entanto, não foram
revelados. A obra foi custeada pelos governos municipal e estadual.
Diário do Nordeste