O corpo de Kauan Peixoto, de 12 anos, foi enterrado na tarde desta
segunda-feira no cemitério de Olinda, em Nilópolis, na Baixada
Fluminense. A mãe do menino não conseguiu acompanhar o fechamento da
cova porque desmaiou e foi embora carregada. Uma prima da vítima também
passou mal após se desesperar. Kauan morreu após ser baleado na favela
da Chatuba, em Mesquita, na noite de sábado. Com tiros no abdômen, no
pescoço e na perna, ele foi levado para o Hospital Geral de Nova Iguaçu,
mas não resistiu.
Uma prima do menino conta que Kauan passou o dia na casa dela e saiu
acompanhado de um primo, de 10 anos, para comprar um lanche. A Polícia
Militar fazia uma operação na comunidade no momento em que o menino foi
atingido. Parentes acusam policiais do 20º BPM (Mesquita) de entrarem
atirando no local. Os familiares de Kauan gritavam pedindo justiça.
"Três tiros não é bala perdida", repetiam.
"A gente não tem culpa de viver onde mora. Nem todo mundo lá é bandido", conta a prima.
Amiga da família, Paula Santos conta que o primo de Kauan disse para o
menino fugir quando viu a polícia e que ele respondeu que não precisava
porque era morador. Ele correu e o primo foi morto.
"Interromperam o sonho de uma criança. Ele sonhava em ser policial" disse a mulher, que se considerava tia da criança.
A Polícia Militar informou, em nota, que, por volta das 22h30 de sábado,
PMs do 20º BPM estavam em patrulhamento pela rua Roldão Gonçalves com
Magno de Carvalho, Boca do Arrastão, quando foram atacados por
criminosos, "ocasionando um confronto sem feridos ou mortos". Na mesma
nota, a corporação diz: "Vale ressaltar que na retaguarda do confronto
foi encontrado caído ao solo uma vítima de disparos de arma de fogo. O
adolescente, 12 anos, foi socorrido ao Hospital Geral de Nova Iguaçu.
Quanto aos marginais fugiram tomando rumo ignorado. Ocorrência na 53ª
DP".
Extra