De comprimento, os aparelhos são menores que um isqueiro. Alguns modelos
chegam a medir apenas seis centímetros. A largura é semelhante ao
diâmetro de uma moeda de R$ 1,00. São celulares que não permitem navegar
na Internet nem acesso às redes sociais. Quase totalmente de plástico,
podem escapar de detectores – possuem 1% de metal. Servem ao básico de
um telefone: ligar e receber chamadas ou mensagens por SMS. O detento
que consegue um desses se dá por satisfeito, caso não seja descoberto
nas inspeções rigorosas, quase diárias e em horário incerto, aplicadas
nas unidades prisionais cearenses.
Apesar da mudança nas regras pela Secretaria de Administração
Penitenciária (SAP), a ousadia dos detentos continua: 15 desses
microcelulares já foram apreendidos em 2019, durante as vistorias
rigorosas realizadas cela a cela e entre quem entra nos presídios do
Estado para visitar ou trabalhar. Pelo menos dois desses aparelhos
minúsculos haviam sido descobertos já no final de 2018, durante a
operação Olavo Doce, realizada no IPPOO 2, no dia 1º de novembro.
“Como a revista nas celas está muito mais rigorosa hoje em dia, mostra
como qualquer possibilidade de comunicação para eles agora é um sonho.
Já estão abrindo de entrada dos smartphones para tentar obter apenas um
celular que liga e atende”, descreveu uma fonte da Secretaria. Este ano,
após as mudanças aplicadas pela SAP nos presídios cearenses, já foram
apreendidos 5.535 celulares, em diversos formatos e modelos. Como
comparação, foram menos de 600 aparelhos recolhidos nas sete operações
de inspeção extraordinária, em 2018, coordenadas pelo Ministério Público
Estadual (MPCE).
O microcelular é importado, com fabricação made in China, India ou
Coreia. É revendido via Internet e custa menos de R$ 90, em média. A
autonomia da bateria é de sete dias. Não é homologado pela Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas é desbloqueado e pode usar
chip de qualquer operadora.
Pela discrição, esses telefones já estariam circulando em presídios
locais há pelo menos dois anos. Numa das inspeções feitas este ano, ao
passar pelo scanner, um visitante foi descoberto com dois microcelulares
introduzidos no ânus.
Apesar das novas regras disciplinares desde o início de 2019, os
detentos continuam com ousadias para forçar a entrada de drogas e
celulares nas cadeias cearenses. Entre as mais recentes, além do
ingresso dos microcelulares:
O POVO Online