Dois estudantes do Ceará criaram uma máquina capaz de alimentar cães e
gatos em situação de rua. Além de disponibilizar ração aos bichos, o
equipamento utiliza inteligência artificial para captar imagens dos
animais e enviá-las a um banco de dados. Com isso, são colhidas
informações como raça, sexo e rotas de migração dos bichos. A ideia é
disponibilizar os registros numa conta no Instagram para promover a
adoção dos pets.
Outra função é ajudar donos de animais perdidos e abrigos, para que
sejam pensadas políticas públicas para os animais. O equipamento foi
chamado de Easy2pet - em tradução livre: fácil para animal.
A ideia e a execução do projeto partiram de Davi Coscarelli, 18, e Ícaro
Bacelar, 17, estudantes do colégio Farias Brito. O objeto foi planejado
para ter 1,20 metro por 60 centímetros. “Esse formato é para deixar o
mais eficiente possível", resume Davi. "Tudo é baseado em inteligência
artificial e deve estar conectado a todo momento com a internet”,
detalha.
Os alunos tiveram orientação de Taylor Aguiar, gerente de inovação do Centro de Inovação Tecnológica da Microsoft, em Fortaleza.
Davi explica que o dispositivo é feito de metal para ser colocado no
chão. Como deve ser instalado na rua, o equipamento usa um sistema de
impermeabilização mais forte que o de celulares à prova d’água. Em
formato de gota, a parte superior é o compartimento para guardar as
rações; e a inferior é a vasilha, à qual o animal terá acesso.
Na parte frontal do dispositivo tem um câmera responsável por detectar
qual tipo de animal se aproxima, para então se abrir e disponibilizar
uma vasilha de ração - além de enviar as informações coletadas para o
banco de dados.
O orçamento do projeto prevê que o equipamento custaria mil reais.
A ideia dos rapazes foi reconhecida pela Microsoft, gigante empresa de
tecnologia. Os dois foram os únicos estudantes de ensino médio a
participar e apresentar o projeto na maior feira de tecnologia do mundo,
na sede da empresa, em Seattle, nos Estados Unidos.
De acordo com Ícaro, a ideia é que cada dispositivo seja patrocinado por
uma empresa “socialmente responsável”. “O padrinho vai ter uma
plataforma para ter acesso às informações sobre o equipamento de sua
responsabilidade em tempo real”. Todos os equipamentos tarão conectados
nesta rede. A expectativa é de que a máquina seja um outdoor social.
“Fizemos tudo o que tínhamos pra fazer, agora precisamos de
investimento, incentivo”, complementa Davi.
“Isso fomenta meu conhecimento. É um incentivo para eu continuar a
lutar, ir atrás, a estudar coisas que não estão na sala de aula. É uma
honra usar as coisas que eu sei para ajudar uma causa. Me deixa
emocionado. Eu to fazendo algo, eu to mudando algo no mundo”, diz o
estudante.
“Nós conseguimos ter essa experiência ainda no ensino médio. É um
projeto pelo qual temos uma paixão. Nós vimos que tem algumas medidas
(para alimentar animais), mas elas são paliativas. A gente queria fazer
algo que corrigisse pela raiz. É o pontapé inicial para o nosso sonho de
futuro”, projeta Ícaro.
O POVO Online