Se de um lado o governo arrocha os mais pobres, do outro quer perdoar dívida de R$ 11 bilhões do agronegócio


 
Num instante em que o governo corta até despesas prioritárias e estuda congelar o salário mínimo, voltou às pranchetas do Ministério da Economia o plano de renegociação da dívida do agronegócio com o Fundo de Assistência do Trabalhador Rural, o Funrural. Coisa de R$ 11 bilhões. O setor pede anistia. E o governo não exclui a hipótese de oferecer, além da rolagem, o perdão de uma parte do passivo.


O ministro Paulo Guedes e sua equipe torcem o nariz. Mas Jair Bolsonaro deseja mimar seus apoiadores do setor rural, Sob Michel Temer, aprovou-se no Congresso um programa de refinanciamento (Refis) para o setor. Mas a adesão revelou-se um fiasco. Atribui-se parte da responsabilidade a Bolsonaro. Na campanha presidencial, Bolsonaro assumiu o compromisso de colocar o peso do seu eventual governo a serviço da aprovação do perdão das dívidas acumuladas por produtores rurais.


O débito decorre de um contencioso judicial. Escorado em decisões judiciais liminares (provisórias), o agronegócio deixou de pagar o Funrural. Entretanto, ao julgar a encrenca em termos definitivos, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a conta era devida, derrubando as liminares.


Agora Bolsonaro vai decidir se cumpre sua promessa de campanha e perdoa R$ 11 bilhões de quem já é rico, ou se faz outra coisa que seja mais coerente com o arrocho do seu governo sobre os mais pobres.


Diário de Quixadá

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