Pessoa
física ou jurídica, quem no Brasil produz energia para seu próprio
consumo doméstico, na indústria, no comércio ou na agropecuária “não tem
qualquer subsídio nem incentivo, pois paga tudo do seu bolso ou
financiado a juros de 6,5% a 15% ao ano”, afirma o engenheiro cearense
Fernando Ximenes, dono da Gram Eollic, empresa especializada em energia,
com sede em Fortaleza.
Revoltado
com a já anunciada decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) de cobrar imposto sobre a autogeração de energia solar,
Ximenes denuncia que, além de produzir por conta própria a energia que
consome, o autogerador “ainda empresta gratuitamente energia para as
distribuidoras”.
Ele
entende que o que existe hoje no Brasil “é um fortíssimo lobby das
empresas distribuidoras junto à Aneel para impedir o crescimento da
autogeração de energia solar - ou Geração Distribuída (GD) - que é o
futuro da energia, aqui e no mundo”.
Em
mensagem a este colunista, o engenheiro Fernando Ximenes é duro na sua
crítica. Ele começa listando a “via crucis” do autogerador brasileiro de
energia solar:
“Quem
produz energia solar no Brasil em residências, comércios e indústrias
não tem incentivo algum, pois paga tudo do bolso. Paga pelo projeto com
dinheiro próprio ou de caro financiamento a juros de 6,5% a 15% ao
ano; paga uma taxa para anexar e homologar o projeto
solar nas distribuidoras; paga pelo relógio instalado pelas
distribuidoras; paga pela manutenção do seu próprio sistema; paga a taxa
mínima de energia mensal às distribuidoras; paga pela iluminação
pública e paga pela tarifa vermelha. Ou seja, ele paga tudo às
distribuidoras”.
Mais
adiante, Fernando Ximenes – cuja empresa desenvolveu uma tecnologia de
osmose reversa para a dessalinização da água do mar – aponta sua
metralhadora e atira:
“Agora,
as distribuidoras de energia, com o olhar conivente da Aneel, querem
que o produtor/consumidor privado de energia solar pague pelo fio da
rede de distribuição que lhes pertence e que elas usam para receber a
energia emprestada por esse mesmo produtor/consumidor que bancou todo o
investimento”.
Irônico,
Ximenes indaga: “Onde estão os incentivos para a geração de energia
solar no Brasil? Não existem. É lamentável que se divulguem notícias
inverídicas de que a população pobre paga por incentivos à energia
solar, numa tentativa de colocar a opinião pública contra os que
investiram na sua própria energia solar, ajudando o País a
desenvolver-se. Repito: não há incentivo para a geração de energia
solar”.
(Diário do Nordeste)