O papa Francisco divulgará no dia
12 de fevereiro a exortação apostólica “Querida Amazônia”, texto oficial de seu
pontificado no qual reúne os pedidos dos bispos dessa imensa região
sul-americana, informou o Vaticano nesta sexta-feira.
O pontífice argentino deve se
pronunciar, entre outras coisas, sobre a controversa proposta de autorizar a
ordenação sacerdotal dos chamados “viri probati”, homens casados com uma vida
impecável, muitos deles indígenas, para fazer frente à escassez de sacerdotes
na região.
O documento papal será
apresentado à imprensa pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do
Sínodo dos Bispos, pelo cardeal Michael Czerny, subsecretário da seção de
Migrantes e Refugiados do dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano
Integral, que foi o secretário especial do sínodo da Amazônia.
Também haverá o jesuíta Adelson
Araújo dos Santos, professor de Espiritualidade da Pontifícia Universidade
Gregoriana e a irmã Augusta de Oliveira, vigária geral das Servas de Maria
Reparadoras.
Foram convidados também Carlos
Nobre, Prêmio Nobel da Paz de 2007 e, através de videochamada participará o
bispo peruano David Martínez de Aguirre, de Puerto Maldonado.
No total, 184 bispos, a maioria
latino-americanos, reunidos em outubro passado no Vaticano para o sínodo sobre
a Amazônia, aprovaram um documento pedindo a introdução do “pecado ecológico”,
bem como a possibilidade de ordenar sacerdotes casados e contar com mulheres
diáconos, questões que são tabu para católicos conservadores.
Considerado um dos pontos mais
controversos aprovados, com 128 votos a favor e 41 contra, a possível ordenação
de homens que tenham uma família constituída e estável com a autorização para
celebrar os sacramentos em áreas remotas da Amazônia, poderia desencadear um
cisma com os defensores do celibato.
O debate foi alimentado no início
do ano com a publicação de alguns trechos do livro intitulado “Das profundezas
de nossos corações”, assinado inicialmente pelo papa emérito Bento XVI e pelo
cardeal ultraconservador Robert Sarah, no qual defendem fervorosamente o
celibato.
“Não podemos nos calar”, argumentaram
os dois autores diante da possibilidade de que Francisco aprove a ordenação de
homens casados.
Devido às controvérsias, o papa
emérito retirou sua assinatura do livro. Seu secretário pessoal, o arcebispo
Georg Gänswein, que também atuou como prefeito da Casa Pontifícia sob
Francisco, teve “suas funções reduzidas” e “recebeu uma permissão para que se
dedique mais tempo a Bento XVI”, uma sanção elegante de sorte.
Várias versões da exortação
vazaram para a imprensa, entretanto nenhuma é confiável. Deve-se esperar o
texto oficial que será distribuído na quarta-feira, 12 de fevereiro.