O Tribunal Superior de Kerala, no sul da Índia, rejeitou um pedido
para proibir a Comunhão nas igrejas para impedir a propagação do
coronavírus.
A Qualified Private Medical Practitioners Association, uma associação de
profissionais médicos no estado do sul, solicitou à Corte que proíba a
Comunhão argumentando que esta é “pouco saudável e representará um grave
perigo para a saúde do público em geral”.
Os juízes rejeitaram o pedido, destacando que a recepção do pão e vinho
eucarísticos, também chamados de Comunhão, era uma questão de fé e de
livre escolha dos cristãos, assinalou UCA News.
O tribunal assinalou que a petição não apresenta nenhum caso em que o recebimento da Eucaristia tenha causado a propagação de uma doença, demonstrando que não lhes corresponde interferir na “prática centenária”.
Esse debate começou com o primeiro caso de coronavírus no país,
confirmado em 30 de janeiro, em uma estudante de medicina que retornava a
Kerala de Wuhan (China).
A estudante "ficou em quarentena junto com outras quatro pessoas de
forma isolada", assinalou o ministro da Saúde de Kerala, K.K. Shailaja.
“Está estável; não há com o que se preocupar”, acrescentou.
A petição apresentada ao Tribunal ressaltava que, na maioria das igrejas
cristãs da Índia, o vinho era distribuído pelos sacerdotes de um único
cálice, usando a mesma colher na boca de cada comungante.
Essa prática "gera uma possibilidade muito alta de contaminação por saliva", assinalaram os autores.
Além disso, indicaram que o sacerdote distribui a Eucaristia na língua,
ação que permite a contaminação pela saliva e deve ser restringida para
controlar a transmissão de doenças.
O Tribunal assinalou que as denominações cristãs têm "abordagens
diferentes para a administração e recepção do Sacramento Sagrado". No
entanto, nunca se insiste em sua recepção de maneira obrigatória, sendo
que cada fiel deve decidir recebê-la devido a sua “fé absoluta como
seguidores do cristianismo”.
O porta-voz da Igreja
Siro-Malabar em Kerala, Pe. Antony Thalachelloor, disse que os autores
agiram por ignorância. "Quando se lê o pedido que apresentaram, parece
que a Comunhão é uma espécie de grande festa onde se servem diferentes
pratos”, acrescentou.
Levantar a questão da higiene na distribuição da comunhão é uma
indicação clara de que os demandantes "não sabiam nada sobre a Sagrada
Eucaristia que é um aspecto muito importante e piedoso de nossa fé”,
assinalou a UCA News.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptador por Nathália Queiroz.
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