O servidor afirmou que realizou
três negociações, sendo que uma delas rendeu R$ 16 mil. A defesa do agente não
foi localizada para comentar o assunto.
Foto Natinho Rodrigues
A Controladoria Geral de
Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará
(CGD) e a Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP) descobriram
que um agente penitenciário levava celulares para dentro de um presídio na Grande
Fortaleza e participava de um plano para entregar armas aos detentos e dar
apoio a uma fuga.
O servidor confessou à Delegacia
de Assuntos Internos (DAI), da CGD, na última terça-feira (9), que começou a
aceitar as encomendas de uma facção local para levar celulares aos internos do
Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO) II, em Itaitinga, em janeiro
deste ano, para sustentar o vício em apostas de jogos de futebol. Ele recebia
R$ 2 mil por cada aparelho entregue.
A defesa do agente não foi
localizada para comentar o assunto.
O pagamento chegou a ser feito
através de transferência bancária para a conta da namorada do agente
penitenciário, mas depois o dinheiro passou a ser entregue em espécie, por
esposas de detentos, em um shopping localizado no bairro Papicu, em Fortaleza.
O servidor afirmou que realizou
três negociações, sendo que uma delas rendeu R$ 16 mil (equivalente ao valor da
entrega de oito celulares). Os contatos eram duas lideranças da facção
criminosa.
No plano mais ousado, o agente
seria feito refém, em uma rebelião no IPPOO II, promovida por detentos que
estariam na posse das armas levadas por ele. O servidor chegou a receber R$ 25
mil adiantados, em mais um encontro no shopping. Segundo ele, o dinheiro já foi
todo gasto com apostas.
O agente afirmou à DAI que não
chegou a receber as armas porque a facção estava com dificuldade de conseguir o
armamento. Além disso, desde o início da pandemia do novo coronavírus (há três
meses), o servidor está afastado do trabalho por um atestado médico, por estar
nos grupos de risco da Covid-19. Se o plano de fuga fosse colocado em prática,
ele receberia um total de R$ 150 mil.
Prisão em flagrante
A DAI cumpriu um mandado de busca
e apreensão - expedido pela Justiça Estadual - contra o servidor, em uma
residência no Município de Itapajé, na última terça-feira (9), para colher
documentos e mídias que colaborem com a investigação.
O homem terminou preso em
flagrante por não estar na posse da arma funcional. A pistola calibre 380
estava com um comerciante da região, que apresentou a arma à Polícia Civil
minutos depois. O agente penitenciário pagou fiança de R$ 1,5 mil e foi solto
Investigações
A CGD confirmou que investiga o
agente penitenciário para apurar os crimes de corrupção, facilitação de entrada
de arma de fogo e celulares, além de facilitação de fugas no sistema
penitenciário.
"Por ser uma investigação de
caráter sigiloso, o órgão não pode fornecer mais informações sobre os fatos. A
Controladoria adotou ainda providências na seara administrativa objetivando
apurar os fatos quanto as transgressões disciplinares", completou o Órgão,
em nota.
Já a Secretaria da Administração
Penitenciária afirmou, também em nota, que "respeita o trabalho da
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema
Penitenciário e reafirma seu compromisso e apoio para que o sistema prisional
do Ceará seja o espelho de um trabalho ético, profissional e integrado".