Preocupado com o risco de a nuvem de gafanhotos,
localizada na Argentina, entrar em território brasileiro e prejudicar
produtores no sul do país, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento publicou, no Diário Oficial da União de hoje
(30), portaria que estabelece diretrizes para "Plano de Supressão e
medidas emergenciais" a serem aplicadas caso a praga (Schistocerca cancellata) chegue no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo a Portaria nº 208/2020, caberá ao
órgão estadual de defesa agropecuária de cada estado estabelecer o plano
de supressão "a partir dos procedimentos gerais de controle
estabelecidos pelo Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas
da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura".
Entre as medidas previstas, figuram
recomendações gerais para o uso de agrotóxicos, bem como mecanismos de
controle das quantidades de agrotóxicos a serem distribuídos,
comercializados e utilizados, caso a praga chegue ao país.
Uso de inseticidades
Em anexo, a portaria apresenta tabelas com recomendações de uso e dosagem de inseticidas biológicos à base de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae,
bem como dosagens, intervalos de aplicação, limites de resíduos e
dosagens máximas dos princípios ativos a serem usados no combate à
praga.
A portaria prevê, ainda, a criação de canais
para envio de informações relacionadas à identificação da praga em
território brasileiro, com vistas à emissão de alertas fitossanitários.
Ainda entre as medidas previstas pela
portaria estão a adoção de procedimentos operacionais para monitoramento
"das características e níveis populacionais da praga", e o
estabelecimento de mecanismos de controle a serem aplicados em função de
suas diferentes fases de desenvolvimento.
Durante o período de emergência, os órgãos
estaduais de defesa agropecuária deverão apresentar relatórios
trimestrais ao Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas,
informando as ações que foram executadas.
Fenômeno
Nos últimos dias, milhões de gafanhotos
invadiram cidades e fazendas de parte da Argentina, formando verdadeiras
nuvens de insetos. Embora não representem um risco direto para os seres
humanos, estes ortópteros saltadores podem, em grupo, causar grandes
prejuízos econômicos, devorando plantações em questões de horas.
Embora o fenômeno tenha ganhado destaque
internacional quando a nuvem de gafanhotos já ameaçava cruzar as
fronteiras da Argentina com o Brasil e com o Uruguai, ele não surgiu de
uma hora para outra, do nada.
Desde 2015, especialistas argentinos estudam
o crescimento acelerado desta população, principalmente da espécie
Schistocerca cancellata, também chamada de gafanhoto migratório
sul-americano.
(Agência Brasil)