Bolsonaristas em Copacabana levam faixas com pautas antidemocráticas



Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniram, na manhã desta terça-feira, 7 de setembro, na Avenida Atlântica, em Copacabana, na Zona Sul, em manifestação contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso nacional.

O ato, realizado também em outras cidades brasileiras, foi convocado pelo próprio presidente nas redes sociais e levantou preocupação pela possível participação de policiais militares. Os manifestantes, que começaram a se concentrar no local por volta das 10h, em sua grande maioria vestiam roupas nas cores verde e amarela. Muitos ignoravam a obrigatoriedade do uso de máscaras faciais de proteção contra a Covid-19.

No Rio, o protesto conta com pelo menos oitos carros de som entre os postos 4 e 5 de Copacabana. Faixas estendidas nos carros e carregadas pelos manifestantes pediam o fechamento do STF, a garantia “da liberdade do povo” e o voto impresso. Além disso, os participantes se posicionaram contra a CPI da Covid, que vem pressionando Bolsonaro com supostas denúncias de corrupção no Ministério da Saúde, e classificaram a comissão como uma “mentira” e “safadeza”.

Fotogaleria: Brasília sitiada por apoiadores de Bolsonaro

Nos carros de som, músicas como "Aquarela do Brasil", "Aquele abraço" e "Brasileirinho", adaptações de funks e também canções que exaltam Bolsonaro e criticam as últimas gestões do PT na presidência do país.

— A esperança de salvação desse país não pode acabar. Precisamos nos manter fortes para continuar defendendo o Brasil da força do mal que quer nos derrubar — disse, no alto do carro de som, um dos apoiadores do presidente — Hoje, vão ver a nossa força.

Além das camisas com frases que defendem o voto impresso e criticam a atuação do STF, bandeiras do Brasil e de Israel dão o tom na manifestação. Apoiadores do presidente carregavam cartazes com dizeres como “todo poder emana do povo” e “queremos uma nova Constituição”. Por volta das 9h50, fogos de artifício foram soltados por alguns participantes do protesto.

Em um dos carros, representantes do Clube Militar do Rio de Janeiro discursaram contra ministros da Suprema Corte. “Defendemos o fim da ditadura da toga alimentada pela corrupção. Também queremos das liberdades individuais”, dizia uma das faixas. Em outro carro, apoiadores do presidente criticaram o ministro Luis Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que saiu em defesa das urnas eletrônicas após movimentos políticos em defesa do voto impresso, e Alexandre de Moraes, relator no STF de inquéritos que investigam a participação de bolsonaristas em atos antidemocráticos e o financiamento de uma rede de propagação de fake news.

— Vamos nos livrar dessa ditadura da toga. Como podem prender pessoas apenas porque opinaram contra o Supremo. Devolvam a liberdade do povo.

Outras bases de apoio do chefe do Executivo também estavam presentes, como líderes evangélicos, fuzileiros navais da reserva, motociclistas e movimentos conservadores. Um telão móvel foi instalado no canteiro central da Avenida Atlântica, e também transmitia mensagens contra os magistrados do STF, a imprensa e o Congresso em inglês e português.

“Ministros do STF não permitiram a quebra de sigilo de Adélio, mas querem a do presidente. Os membros da Suprema Corte, responsáveis por guardar a Constituição, estão fazendo justamente ao contrário”, exibia o telão.

Além dos carros de som, foi usado um guindaste para erguer uma grande bandeira do Brasil com a frase "Pátria Amada".

Apesar da manifestação seguir de forma pacífica, policiais militares do programa Copacabana Presente prenderam em flagrante um homem que portava uma faca, um soco inglês e materiais utilizados para fabricar coquetel molotov na Rua Bolívar, em Copacabana, onde acontece o ato a favor do presidente.

Os agentes da operação suspeitaram do homem que estava com um grande volume na roupa e após a abordagem flagraram os objetos além de uma máscara de Salvador Dalí.

O homem foi preso e conduzido para a 13ª DP (Ipanema).
'Grito dos Excluídos'

No Centro, manifestantes de esquerda ignoraram o movimento de apoiadores de Bolsonaro e foram às ruas para protestar contra o presidente, seguindo a programação do Grito dos Excluídos, que acontece todo 7 de setembro. O ato pede o impeachment do governante, a defesa às instituições democráticas e o veto à Reforma Administrativa.

O ato teve início no Centro, na esquina da Rua Uruguaiana com a Av. Presidente Vargas, por volta das 9h (de Brasília), com destino rumo à Praça da Candelária). Os manifestantes exibiam faixas com críticas ao governo e simpatia a Lula (PT). Broches e bandeira em alusão a eleição presidencial de 2022 foram distribuídos aos montes.

Acompanhados de carro de som, os protestos ocorrem de forma pacífica e a grande maioria usa máscara facial.

A pauta dos protestos também incluiu pedido de aumento do valor do auxílio emergencial pago durante a pandemia e manifestações contra a privatização da Petrobras e dos Correios.

O ato contou com a presença do vereador Chico Alencar (PSOL-RJ), que afirmou que os atos pró-governo impulsionados por Jair Bolsonaro são o ensaio para uma ruptura democrática.

— É inegável a escalada autoritária no Brasil. Há um ataque crescente a constituição. As conquistas democráticas que a minha geração teve estão sendo ameaçadas pela Presidência da República. O Bolsonaro quer fazer um ensaio para um golpe mais pesado antevendo uma derrota eleitoral. Vai dar uma de Trump. Eu estou até surpreso porque o que fizeram de terrorismo, até algum dos nossos acharam prudente não irmos as ruas. Fico imaginando, se não viessemos no tradicional grito dos excluídos, quando vier o golpe nos vamos para onde? Para debaixo da cama? — declarou.

Outro político presente foi o vereador Tarcísio Motta (PSOL-RJ), que reforçou a importância do movimento em pleno 7 de setembro.

— Estamos do lado dos excluidos. Estamos na rua lutando por comida, por direitos. Sabemos que a democracia que está em risco nunca chegou para a maioria dos brasileiros. Estamos sonhando com tempos melhores. Por isso dizemos "Fora, Bolsonaro". Com ele no Palácio do Planalto, o povo seguirá excluído. Seguimos com brilho nos olhos e esperança no futuro — discursou Tarcísio Motta.

Cabe destacar que, ao longo da semana, lideranças da oposição como Ciro Gomes (PDT), Marcelo Freixo (PSB) e Marina Silva (Rede) recomendaram que seus seguidores não fossem aos atos.

Extra




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