Como o engajamento de torcedores impacta a receita dos clubes


 
Um relatório da XP Investimentos e da consultoria Convocados divulgado em 14 de junho mostrou o crescimento da receita dos clubes que disputam a série A do Campeonato Brasileiro em 2022. O estudo também apresentou o ranking das maiores torcidas de clubes do Brasil em uma pesquisa feita em parceria com a Sport Track.


A pesquisa entrevistou de 2.000 a 2.500 pessoas de forma digital. O Flamengo teve o maior número de respostas: 24% afirmaram torcer para o clube; 18% para o Corinthians; 11,5% para o São Paulo.


Nas redes sociais, o Flamengo e o Corinthians tem mais seguidores no total. O time carioca soma 41,52 milhões e o paulista 27,13 milhões. Na sequência também está o São Paulo com 17,36 milhões.


Em relação a arrecadação com planos de sócio-torcedor e bilheteria em 2021, o relatório da XP Investimentos e Convocados mostrou que o Flamengo foi o clube com maior receita: R$ 70 milhões.


O Internacional ficou em 2º com faturamento de R$ 64 milhões. Grêmio e Atlético-MG arrecadaram R$ 56 milhões.


Ao Poder360, o coordenador acadêmico do curso aperfeiçoamento em gestão de esportes FGV/Fifa/Cies, Pedro Trengrouse, explicou que, de maneira geral, o fator mais importante para os clubes não é o tamanho da torcida, mas o engajamento dela.


“Todo o ganho de clube brasileiro tem como desafio o engajamento de sua torcida independente do seu tamanho. Todas elas já são grandes, monumentais”, afirmou.


Trengrouse ponderou, no entanto, que um clube com uma torcida grande terá uma base maior para trabalhar o engajamento.


Para o coordenador, por meio do engajamento direto dos torcedores, os clubes têm uma via para mudar o seu atual plano de negócio em que a principal receita é a venda dos direitos de transmissão dos jogos.


A ampliação dos canais próprios de mídia com produção e transmissão de conteúdo exclusivo é uma estratégia complementar. Além da adoção de criptoativos (ativos digitais com transação eletrônica) que podem servir para financiar iniciativas pontuais ou para o custeio geral.


“Temos a oportunidade de construir modelos interessantes. O clube tem o seu território: o estádio e a sede. O povo são os torcedores que falam a mesma língua, se identificam com os mesmos sinais, cantam as mesmas músicas. Para ser uma nação, falta só a própria moeda”, disse.


Na avaliação de Trengrouse, a mudança no modelo de negócios está próxima de ser alcançada. Será um momento em que o “sócio-torcedor se torna um sócio-investidor”.


Segundo Trengrouse, nos últimos 10 anos houve um crescimento da participação do sócio-torcedor nas receitas dos clubes de futebol brasileiro. Em alguns momentos, chegou a ser a 2ª maior fonte dos clubes.


Segundo o coordenador, os clubes brasileiros tinham cerca de 150 mil sócio-torcedores no total em 2012. Atualmente, a quantidade chega a 2 milhões.


A partir da aprovação da lei das SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) em 2021, o investimento empresarial passou a representar um novo ganho que entrou para impulsionar o caixa de alguns clubes. Mas para Trengrouse esta não pode ser considerada uma receita recorrente.


“Se os clubes decidem abrir capital na bolsa de valores como vários clubes do mundo fizeram é possível que os torcedores se tornem sócios e coloquem dinheiro nisso”, disse.


O relatório da XP Investimentos com a consultoria Convocados mostrou que a maior fonte de receita dos clubes é, de fato, a venda dos direitos de transmissão. Representa 53% dos ganhos. A negociação de atletas (18%), publicidade e marketing (16%) e arrecadação com bilheteria e com os planos de sócio-torcedor (7%) compõem as outras entradas no caixa.


Créditos: Poder 360.

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