O médico Thiago Celso Andrade Reges, de 36 anos, permaneceu cinco dias preso em Fortaleza, na Delegacia de Capturas. Ele concluiu a graduação de Medicina na Universidade Privada Aberta Latinoameticana (UPAL), na Bolívia, em 2012, acrescentado de 10 mil horas aulas, em território brasileiro, para a validação do diploma no Ceará.
O profissional da saúde tenta provar, na Justiça, que foi vítima de extorsão por parte de pessoas que se diziam representar a instituição de ensino e que essa situação o impossibilitou de revalidar seu registro e o levou a prisão. O profissional afirma que foi vítima de uma armação. "Eu sou maior vítima disso tudo. Tenho fé que serei inocentado", relata o médico.
No momento de revalidar o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), que está ligado ao Conselho Federal de Medicina, o médico denuncia que foi vítima de crime de extorsão, em que pessoas falavam em nome da instituição de ensino e exigiam dinheiro.
O CRM é o registro que permite que o médico atenda pacientes em determinada região. Quando começou a ser alvo de pessoas afirmando serem da universidade da Bolívia, Thiago diz que se recusou a enviar dinheiro. Ele conta ainda que havia feito todos os pagamentos necessários em relação à graduação.
Em 17 de março deste ano, Thiago foi alvo de um mandado judicial na própria residência, um apartamento de luxo no bairro Cocó. Ele foi preso e encaminhado à Delegacia de Capturas. Ele destaca prejuízo em relação ao convívio social e sua reputação.
Dias depois, Thiago foi colocado em liberdade, contratou advogados e começou a reunir provas de sua inocência. Ele relata que buscou uma perícia, que comprova que não há qualquer adulteração em seu diploma e que o documento foi emitido pela faculdade regulamentada na Bolívia.
O POVO teve acesso ao laudo pericial particular e aos documentos da própria Universidade Privada Aberta Latinoameticana (UPAL), em que a instituição de ensino comprova legalidade nas matérias cursadas. A reportagem também teve acesso a documentos em que a própria UPAL relata que a universidade não enviou qualquer e-mails informando que o diploma de Thiago seria falso. O email seria falso e teria sido enviado pelos responsáveis pelo golpe, aponta Thiago.
Thiago Celso entrou com um processo, na Justiça Federal, contra o Conselho Regional de Medicina, o Cremec, e relata que desde que foi solicitada a entrega do CRM ao Conselho, ele devolveu por meio dos advogados e nunca deu expediente de forma ilegal.
O médico ressalta que foi vítima de uma armação para tentar prejudicar sua reputação. Ele disse que foi candidato a vereador e teria um processo arquivado por tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual. O documento da Justiça que comprova o arquivamento do processo também foi enviado ao O POVO.
A reportagem solicitou informações à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e foi informada que o caso está em investigação. "A Polícia Civil do Ceará informa que não comenta investigações em andamento. Outras informações são repassadas em momento oportuno para não comprometer os trabalhos policiais". O POVO procurou o Cremec sobre o caso por meio do presidente do órgão e da coordenadoria jurídica e aguarda resposta.
O advogado Paulo Quezado representa Thiago e informou que durante o período que ele exercia a Medicina estava sob liminar da Justiça e que há perícia comprovando que não existe fraude no diploma do cliente.
(O Povo)