Dia da Amazônia: queimadas recordes e seca severa dos rios intensificam crise ambiental na região


 

 

Nesta quinta-feira (5), o Dia da Amazônia é marcado por discussões sobre a vital importância da preservação da maior floresta tropical do planeta. No entanto, a celebração é ofuscada pelos graves problemas enfrentados pela região, como o aumento das queimadas e a severa seca dos rios, em meio a uma crise ambiental.

De acordo com dados do programada BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), agosto de 2024 registrou 38.266 focos de queimada na Amazônia, o maior número desde 2005, quando foram contabilizados 63.764 focos.

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Seca severa

Mas as queimadas e fumaça que podem ser vistas nas cidades não são os únicos problemas ambientais vividos na região. A seca dos rios também já começou a afetar a população que sofre a dificuldade de locomoção.

No Amazonas, o cenário este ano é crítico. Cidades têm dificuldades de receber insumos, há aumento no preço de produtos e comunidades indígenas e ribeirinhas podem ficar isoladas.

Seca AM 2024 em Tabatinga — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Com a falta de chuvas e o nível cada vez mais baixo de rios, lagos e igarapés, a agricultora Maria Lenise, que vive em Tabatinga, teme pelo futuro de suas plantações. Ela precisa vender o que ainda resta antes que tudo se perca.

"A vida na minha comunidade está difícil. Não chove há três meses e nossas plantações estão morrendo. Esta seca está acabando com a gente", lamentou.

O pescador Benedito Catique, que atua na região há 42 anos, afirma nunca ter visto uma seca tão severa como a deste ano.

"Nunca vi uma seca assim no nosso Amazonas. Está realmente seco. O rio está quase seco, os lagos estão secando, e temos que caminhar mais de 40 minutos para conseguir pescar", relatou.

De acordo com o SGB, com a previsão de chuvas abaixo do esperado para as próximas duas semanas, o cenário no Alto Solimões pode se agravar ainda mais. 

 

Fumaça de queimadas encobriu Manaus — Foto: Divulgação/Fiocruz
Fumaça de queimadas encobriu Manaus — Foto: Divulgação/Fiocruz
 

Cenário preocupa especialista

Ao g1, o ambientalista Erivaldo Cavalcanti alertou que todos os sinais indicam que a seca que o Amazonas enfrenta este ano deve superar a do mesmo período em 2023. Em várias áreas da Amazônia, os rios atingiram os níveis mais baixos em mais de um século, causando graves impactos nas comunidades ribeirinhas.

“Como vamos comemorar nossa independência administrativa? Com queimadas e incêndios, que provocam problemas respiratórios e diversas doenças, reduzindo a expectativa de vida. Ou seja, a vida dos amazonenses está sendo encurtada devido à inalação dessa fumaça devastadora”, destacou o especialista.

Sobre o cenário das queimadas, o especialista ressaltou a necessidade urgente de uma fiscalização mais eficaz e de uma atuação mais robusta dos órgãos responsáveis para reduzir o número de focos e mitigar os impactos na população.

“É crucial uma intervenção decisiva do poder público, com o apoio da sociedade civil e a aplicação rigorosa da lei, seja por meio de multas ou detenções. O número de fiscais precisa ser ampliado, e isso não se limita a pessoas físicas — pode incluir drones e satélites. Embora o mapeamento já seja feito pelos órgãos federais e estaduais, falta uma intervenção firme, incluindo a participação de instituições coercitivas”, afirmou Cavalcanti.

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Para o especialista, o Dia da Amazônia representa uma oportunidade para discutir a crise ambiental que a região enfrenta e oferecer esperança para um futuro melhor para os habitantes da Amazônia.

“É um momento para celebrar a autonomia administrativa do Amazonas e, ao mesmo tempo, para destacar a urgência da situação. Precisamos colocar essa questão em evidência e buscar soluções rápidas para reduzir e eventualmente acabar com a crise”, concluiu.
 
 
 
 
(g1)

 

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