
Um homem que era mantido refém por criminosos foi salvo por policiais civis na tarde da última quarta-feira, 9, no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza. Três suspeitos de participarem desse "Tribunal do Crime" foram presos em flagrante. Eles foram identificados como André Kennedy de Sousa Delfino, de 20 anos, Francisco Victor Pacheco dos Santos, de 25 anos, e Wellington Florêncio Valentim, de 23 anos.
Dois deles, André Kennedy e Francisco Victor, ainda foram autuados por suspeita de envolvimento na morte de Jardel Sousa da Silva, de 29 anos, crime ocorrido na noite de terça-feira, 8, também no Vicente Pinzón.
Nos Autos de Prisão em Flagrante (APFs), os policiais da 1ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) afirmaram que realizavam diligências pelo Vicente Pinzón quando foram informados por moradores que um homem havia sido arrebatado por criminosos e levado para uma residência localizada no chamado "Beco da Sardinha".
Os
policiais foram até o local e, ao identificarem a residência para onde a
vítima havia sido levada, depararam-se com homens fugindo pelos
telhados. Os agentes de segurança conseguiram deter quatro homens, sendo
um deles a vítima do arrebatamento e os três suspeitos. Um quarto
suspeito, porém, conseguiu fugir.
A vítima do "Tribunal do Crime" afirmou à Polícia que havia ido até o Beco da Sardinha adquirir drogas e que, ao chegar ao local, foi abordado por quatro homens. Munidos de um revólver, os criminosos levaram-no até uma casa duplex, onde passaram a interrogá-lo.
Eles queriam saber se a vítima era integrante da facção criminosa Comando Vermelho (CV) ou, então, se "seria por eles", referência aos comandados de Ronald Pinto dos Santos, o “Bicho Feio”.
Como O POVO mostrou nessa quinta-feira, 10, Bicho Feio é apontado como pivô da recente disputa entre CV e Guardiões do Estado (GDE) instaurada no bairro. Ele tinha posição de comando na GDE, mas, após ter a morte decretada pelos antigos aliados, passou a integrar o CV.
O homem submetido ao interrogatório ainda disse que tentou explicar que não fazia parte de nenhuma facção, mas que, mesmo assim, continuou sob poder dos criminosos. Ele também disse que os faccionados esperavam a autorização de um homem com quem conversavam pelo telefone para matá-lo ou não.
Antes da resposta, a Polícia chegou ao local e libertou a vítima. Na delegacia, André Kennedy disse que a vítima não foi arrebatada, mas que chegou, por conta própria, à residência e passou a conversar com Francisco Victor e Wellington sobre um assunto que ele não sabia o qual e sem ser agredida.
Já Francisco Victor disse que apenas morava na parte de cima do duplex onde estaria ocorrendo a sessão do tribunal do crime, não sabendo, portanto, o que que se passava na parte de baixo. Wellington, por sua vez, disse que chegou a “segurar” a vítima, mas, depois, “mudou de ideia”, sem saber dizer por qual motivo.
Na prisão do trio, os policiais ainda apreenderam um revólver calibre 38 e quantidades não especificadas de maconha, crack e cocaína.
Morte de Jardel Sousa da Silva
Com relação ao assassinato de Jardel Sousa da Silva, Francisco Victor confessou o crime, afirmando que matou a vítima porque ele teria ameaçado a sua mãe. Ele disse que André Kennedy emprestou a arma utilizada no crime, mas que este não teve envolvimento direto com a execução.
Uma testemunha ouvida pelo DHPP, porém, apresentou uma outra versão. Conforme essa fonte, Jardel era ameaçado por um traficante por estar devendo R$ 700 a ele. Esse credor, de acordo com a testemunha, trabalharia para “Bicho Feio”.
O homicídio de Jardel foi um dos três ocorridos entre segunda, 7, e quarta-feira, 9, no Vicente Pinzón. No mesmo intervalo, outras três pessoas foram baleadas. Nesta sexta-feira, 11, uma operação policial foi deflagrada no bairro visando conter o conflito.
O POVO