A Marinha do Brasil vai realizar, em novembro deste ano, um teste de proteção aos cabos submarinos da Praia do Futuro, em Fortaleza, que garantem a conexão de internet do Brasil com o resto do mundo. A operação busca melhorar a capacidade de resposta em situação de risco à infraestrutura crítica.
O polo de conectividade da Praia do Futuro abrange 16 cabos submarinos, com conexões à África Ocidental, Europa, América Central e América do Norte.
O treinamento realizado pela Marinha deve simular um incidente na região, com equipes atuando em terra e no mar. O exercício se baseia em um modelo europeu, com revisão dos protocolos de segurança.
Além da Marinha, integram o exercício Petrobras, Blue Marine, a Angola Cables e o Comitê Brasileiro de Proteção a Cabos Submarinos. É o segundo teste do tipo realizado pela Marinha no Brasil — o primeiro ocorreu no Rio de Janeiro, em maio de 2024.
“As principais ameaças a esse sistema tão extenso são causas naturais, âncoras, atividades de pesca e sabotagem. Vale lembrar que os animais marinhos, como o tubarão, são incapazes de provocar uma ruptura no sistema com uma mordida, por exemplo”, aponta a Marinha.
Os protocolos de segurança também buscam proteção para casos de terrorismo contra a comunicação ou falha das estruturas. Além do setor de telecomunicações, estruturas críticas, como plataformas de petróleo, gasodutos, refinarias e usinas hidroelétricas são os alvos mais vulneráveis.
COMO A SIMULAÇÃO SERÁ REALIZADA
O treinamento ocorrerá entre os dias 24 e 28 de novembro, dividido em duas frentes para simular incidentes nas infraestruturas críticas.
Em terra, o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais e o 3° Batalhão de Operações Litorâneas de Fuzileiros Navais atuarão na segurança das instalações e na retomada das estações terrestres das empresas de telecomunicações.
Já no mar, as equipes atuarão na proteção marítimas da área próxima ao litoral, por onde chegam os cabos submarinos.
Devem participar um navio-patrulha do 3º Distrito Naval, equipes de abordagem do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) e Navios e Aeronaves da Esquadra.
O especialista em proteção de cabos submarinos do Comando Naval de Operações Especiais da Marinha do Brasil, Capitão de Fragata Paulo Ricardo Rodrigues dos Santos, reforça da importância da proteção da infraestrutura.
“O cuidado e a manutenção dessa rede são considerados questões de segurança nacional e econômica. Proteger a rede de dados de internet por onde cerca de 181 milhões de brasileiros navegam diariamente é um desafio gigantesco”, disse.
Isso se destaca em um cenário de conflitos, já que 'a conduta das guerras atuais é permanentemente afetada pela inovação tecnológica', segundo o oficial.
PRINCIPAL HUB DE INTERNET DO BRASIL
Fortaleza tem atualmente 16 cabos submarinos, segundo a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), compondo a principal portas de entrada para dados do Brasil e uma das mais importantes do mundo.
Entre as empresas que detêm parte da infraestrutura estão Angola Cables, Google, América Móvil (Claro), Ellalink e China Unicom. Veja os cabos submarinos da Capital:
- 2 cabos conectam à África Ocidental: SAIL e SACS;
- 1 cabo conecta à Europa: Ellalink;
- 8 cabos conectam à América Central e à América do Norte: Globe NET América Central, Américas – II, SAC, SAM-1, AMX-1, BRUSA, MONET, GlobeNET América do Norte;
- 5 cabos conectam outros hubs brasileiros, como Praia Grande (SP), Salvador e Rio de Janeiro (RJ): SAM-1, AMX-1, SAC, 02 Globe NET.
Depois de Fortaleza, se destacam as infraestruturas de Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP) e Praia Grande (SP),
O possível risco à infraestrutura de cabos submarinos de Fortaleza gerou polêmica em torno da instalação da usina de dessalinização na Praia do Futuro.
Após manifestação contrária da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a usina teve o local alterado, se distanciando dos cabos.
(Diário do Nordeste)