Medo de metanol muda hábitos em Fortaleza: cerveja cresce e caipirinha perde espaço nos bares

 vários copos de plástico cheios de cerveja.

Os casos de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica registrados no País nos últimos dias têm gerado apreensão na vida noturna de Fortaleza. 

Segundo apurado pelo Diário do Nordeste, o público geral tem optado pela ingestão da cerveja ao invés de destilados. Além disso, os bares relatam diminuição no consumo de bebidas quentes e drinks como caipirinha, bebida preparada com cachaça e limão. 

Até o momento do fechamento desta matéria, o Ministério da Saúde confirmou 113 registros de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica, sendo 11 confirmados, entre eles um óbito, e 102 sob investigação. 

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Os primeiros casos de adulteração de bebidas no Brasil envolveram o consumo de gin, uísque e vodca, comprados tanto em bares quanto adegas de São Paulo.

Ainda não existem casos confirmados de intoxicação por metanol no Ceará. No entanto, 60 mil garrafas de cachaça sem nota fiscal foram apreendidas recentemente na Grande Fortaleza pela Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz), com risco de contaminação com metanol.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chegou a declarar, nesta quinta-feira (2), que a contaminação por metanol é mais difícil de acontecer em cervejas.

Consumo de destilados e caipirinha tem queda nos bares de Fortaleza

Nesta sexta-feira (3), a equipe de reportagem do Diário do Nordeste visitou seis bares na Capital, nos bairros Parquelândia, Varjota e Centro. 

Um deles foi o Budega dos Pinhões, localizado nos arredores do Mercado dos Pinhões, no Centro de Fortaleza. Conforme o bartender do estabelecimento, Luiz Eduardo, o bar sofreu uma queda brusca na demanda por caipirinhas nos últimos dias

“Realmente teve uma redução muito grande no número de pedidos. Agora são 20h36 e teve cinco, seis pedidos de caipirinha. Normalmente, nesse horário, não era pra eu estar parado, era pra eu estar fazendo drink direto. As pessoas continuam vindo, mas pedindo cerveja. Tem dia que eu faço mais de 100 caipirinhas por dia e hoje em dia tá vindo tipo seis, sete, por dia, ao longo dessa semana”, relata. 

Bartender mostra baixo número de pedidos de caipirinhas

Legenda: Luiz Eduardo, bartender do bar Budega dos Pinhões, mostra número reduzido de pedidos de caipirinha nesta sexta-feira.

Foto: Arquivo pessoal

Lauton Martins, gerente do restaurante Assis - O Rei da Picanha, localizado no bairro Varjota, também confirmou a queda na demanda por bebidas destiladas. “Muita gente está se recusando a tomar uísque, bebida destilada, o pessoal está procurando mais beber a cerveja. Deu uma baixada na demanda da bebida quente”, comenta. 

Ambos os estabelecimentos garantem adquirir as bebidas comercializadas de fornecedores rastreáveis e responsáveis, buscando garantir a segurança dos clientes.

Consumo de bebidas alcoólicas com cautela 

A química Crisiana Nobre, 42, foi uma das pessoas que evitou o consumo de destilados e optou pela cerveja nesta sexta-feira. Profissional do Núcleo de Tecnologia e Qualidade Industrial do Ceará (Nutec), órgão vinculado à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Crisiane trabalha no controle de qualidade de bebidas, fazendo o monitoramento de metanol e outros contaminantes. 

Para a especialista, a crise é uma oportunidade para os órgãos responsáveis investirem na fiscalização e monitoramento de bebidas alcoólicas e demais produtos que passam pela mesa de milhares de brasileiros. 

“Confesso que gosto de beber caipirinha, mas a gente fica preocupado com o que está acontecendo. Eu acho que tem que se fiscalizar, investir mais na rastreabilidade dos produtos para trazer maior segurança para os consumidores. Eu vim beber com amigos, mas a gente optou por bebidas fermentadas”, destaca. 

A cautela no consumo estava presente mesmo entre aqueles que não quiseram abrir mão da bebida destilada. Foi o caso de Vanessa Epitácio, 23, que apreciava um drink feito com gin. 

Para a estudante, confiar no estabelecimento e reduzir o consumo são ações fundamentais neste momento. “Vai ser um só, não vou ficar tomando vários. A gente tem que diminuir o consumo o máximo que puder”, aconselha. 

Outra medida de segurança relatada pelo público para evitar o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas é verificar se o preço do produto condiz com a média encontrada no mercado, evitando bebidas com preços muito abaixo do normal. 

DN

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