Quando subiu as escadas que davam acesso ao campo do Presidente Vargas,
Clodoaldo ouviu a música que embalou sua melhor época da carreira de
jogador. Crianças entoavam "Uh! Terror! Clodoaldo é matador!" mesmo sem
terem vivido a época.
A lenda do baixinho transcendeu o tempo. Neste
domingo (26), num roteiro muito bem desenhado, Clodoaldo virou torcedor,
saiu do banco e fez o gol de empate (reveja no vídeo acima) do Fortaleza contra o Floresta aos 49 do segundo tempo: 1 a 1.
Há quase 13 anos, Clodoaldo vestiu a camisa tricolor pela última vez.
Muito tempo depois, com menos fôlego (estava há dois anos sem jogar) o
baixinho teve a chance de disputar novamente uma competição com a camisa
do Fortaleza. No banco de reservas, virou torcedor comum. Aflição,
ansiedade, preocupação... Clodoaldo xingava, batia palmas, se lamentava.
Não demorou a ouvir os gritos da arquibancada que pediam pela sua
volta.
- Ah! Ah! Ah! Clodoaldo quer jogar! - gritavam na arquibancada.
Foi o Floresta quem saiu na frente. A jogada passou pelos pés de Magno
Alves. Quem balançou as redes de Max Walef foi Lucas Chinaque. Clodoaldo
ouviu o nome ser gritado da arquibancada quando o Leão teve uma
oportunidade em cobrança de falta. E aos 15 minutos do segundo tempo,
ele entrou.
Quando teve o nome chamado pelo treinador, correu para tirar o colete e
entrar em campo. A torcida foi à loucura. Na vaga de João Henrique,
Clodoaldo começou mais pelo lado direito do campo. O fôlego não era mais
o mesmo. Mas o toque de bola era de quem entendia do assunto.
Passes certos, toques precisos. Mas não queira que o baixinho corra
muito atrás da bola. Ela tem que chegar aos pés do "matador". No fim do
jogo, Clodoaldo já estava postado no área do Floresta. Esperava apenas
uma chance. Numa bola lançada na área, por pouco não desviou para o gol.
Mas o roteiro estava muito bem escrito por algum tricolor.
Na última bola, aos 49 minutos do segundo tempo, Minho chutou. A bola
sobrou no rebote do goleiro do Floresta para que Clodoaldo fizesse
aquilo que fez tantas e tantas vezes com a camisa do Fortaleza. Pela
127ª vez, o baixinho marcou um gol. Este, de empate contra o Floresta. A
arquibancada foi ao delírio. E celebrou o gol e o resultado com o ídolo
de uma outra geração, mas que certamente não será esquecido pelos novos
tricolores que vêm por aí.
G1