Pela oitava vez seguida, o Banco Central (BC) não alterou os juros
básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária
(Copom) manteve a taxa Selic em 6,5% ao ano, na primeira reunião do
órgão sob o comando do novo presidente do BC, Roberto Campos Neto. A
decisão era esperada pelos analistas financeiros.
Com a decisão de hoje, a Selic continua no menor nível desde o início da
série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril
de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada
gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de
2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a
taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob
controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador fechou em 3,89% no
acumulado de 12 meses. O índice subiu em relação a janeiro, pressionado
por alimentos e educação. A IPCA de março só será divulgado em 10 de
abril.
Para 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de
inflação de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O
IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano nem ficar abaixo de
2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de
tolerância de 1,5 ponto percentual.
Inflação
No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco
Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2019 em 4% e
continuará baixo até 2021. De acordo com o boletim Focus, pesquisa
semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação
oficial deverá fechar o ano em 3,89%.
Depois de fechar abaixo do piso da meta em 2017, a inflação subiu no ano
passado afetada pela greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias e
provocou desabastecimento de alguns produtos no mercado, e por causa da
alta do dólar no período. Mesmo assim, o IPCA voltou a registrar níveis
baixos nos últimos meses de 2018, tendo encerrado o ano em 3,75%.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores
barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de
baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC
projetava expansão da economia de 2,4% para este ano. Segundo o boletim
Focus, os analistas econômicos preveem crescimento de 2,28% do Produto
Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em
2019.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência
para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o
Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços,
porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao
reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a
produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar
a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços
estão sob controle e não correm risco de subir.
Agência Brasil