PM da Bahia afirma que atirou contra banda Sala de Reboco após grupo não obedecer ordem de parada


A Polícia Militar da Bahia confirmou, em nota, que partiu de policiais os tiros que mataram a dançarina cearense Gabriela Amorim, de 25 anos, e deixaram feridos outros dois integrantes da banda Sala de Reboco, na madrugada desta sexta-feira (5), na cidade de Irecê, a 477 km de Salvador, na Bahia. Quatro pessoas do grupo e o motorista do carro voltavam de um restaurante quando foram interceptados pela polícia. Uma das sobreviventes afirma que o carro da banda foi atingido por 38 tiros.
A dançarina Gabriela Amorim nãoresistiu aos ferimentos e morreu. Ela deixou um filho de sete anos. O sanfoneiro da banda, Possidônio Júnior, foi atingido na perna e precisou passar por cirurgia. Segundo o irmão de Possidônio, o músico corre risco de perder o membro. Além dos dois, a cantora Joelma Rios, que também estava no veículo, foi atingida de raspão na nádega.
Segundo Joelma, o grupo voltava pela estrada quando percebeu que estava sendo seguido por um carro com os faróis apagados. Com medo de que fosse uma tentativa de assalto, o motorista teria acelerado e tentado despistar o veículo, até então, desconhecido. Joelma afirma que “que em nenhum momento eles ligaram nada, sirene, nada que pudesse alertar que era polícia”.
Versão da PM
A versão da PM da Bahia é de que "o condutor não respeitou o alerta de parada". De acordo com a polícia, o carro da banda estava trafegando na contramão no centro do município de Irecê.
“Uma guarnição da unidade flagrou um veículo modelo Hilux SW4, de cor preta, trafegando na contramão, no centro do município de Irecê, e iniciou o acompanhamento ao perceber que o motorista permanecia com uma direção perigosa. Dessa forma, foi pedido apoio ao 7º Batalhão e formado o primeiro bloqueio, na altura da Rua 1º de Janeiro. O condutor não respeitou o alerta de parada e um novo bloqueio foi estabelecido por equipes do 7º Batalhão, desta vez na Avenida Santos Lopes”, diz a nota da PM.
Relato da vítima
O relato de Joelma, cantora da banda, mostra um cenário diferente. Conforme a sobrevivente, o carro da banda tentou despistar o veículo por ruas paralelas e, ao retornar para a estrada principal, deu de cara com o bloqueio da polícia. 
“Entramos em uma rua voltando pra avenida, que dava acesso a Irecê, quando de repente já tinha viatura do outro lado, com tudo apagado, e a outra fazendo o bloqueio, e já foram arremessando bala na gente. Foram 38 disparos, pra você ter uma ideia”, detalha Joelma.
A polícia, por sua vez, afirma que foi feita uma nova ordem de parada. “Mais uma vez o veículo não obedeceu à ordem de parada, manobrando perigosamente pelo acostamento e dando continuidade à fuga pelo centro da cidade, em alta velocidade, transitando pela contramão, expondo a risco os próprios ocupantes do carro, outros usuários da via e transeuntes", continua a nota da PM.
Nesse momento ocorreram os disparos que atingiram três dos cinco ocupantes do carro da banda — a cantora, o sanfoneiro e a dançarina.
“Após terem furado dois pontos ostensivos de bloqueio, houve disparo de arma de fogo e os pms abordaram os ocupantes”, acrescenta a PM.
Ainda conforme o relato de Joelma, ela chegou a descer do carro para tentar impedir a ação dos policiais. “Eu consegui abrir o carro e saí gritando “Pare, pare! Aqui não tem vagabundo, é músico. Me senti como se eu fosse uma criminosa de alta periculosidade”, relembra a vítima.
Diário do Nordeste

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