Duas imagens de santos foram
encontradas em um compartimento secreto embaixo do altar da Igreja Nossa
Senhora do Ó e Conceição, a matriz da cidade de Valença do Piauí, a 210 km de
Teresina. As imagens são de Santa Teresa D'Ávila e Santo Antônio. Elas foram achadas na manhã
de quinta-feira (21) por pedreiros que trabalham na reforma da igreja sob o altar
do santíssimo sacramento.
As imagens não estavam
"enterradas" e foram colocadas em uma espécie de fosso, uma pequena
construção feita de tijolo e oca. Segundo o historiador Antonio José Mambenga,
existem algumas possibilidades de como elas foram parar no compartimento. Uma
delas está relacionada ao Concílio do Vaticano II, em 1962, quando foram determinadas
algumas mudanças para Igreja Católica. As missas, que até então não eram
celebradas em Latim, passaram a ser celebradas na língua oficial. Outra mudança
foi a centralização da imagem de Jesus Cristo, que teria todos os olhares
voltados a ele.
"Então, alguns padres
entenderam que as imagens dos outros santos deveriam não ser expostas; ou pelo
menos diminuir a presença das demais. Isso pode ter sido o entendimento do
pároco da igreja na época, pois elas eram imagens sacras e ele não quis jogar
fora. Esse padre, conhecido como padre Marques, já faleceu. Antes disso, o
pároco já havia comentando sobre o esconderijo com alguns fieis", afirma o
historiador.
Muitos moradores da cidade de
Valença, principalmente os mais antigos, sempre comentavam a possível
existência das "imagens enterradas" na igreja, em especial os
católicos. O historiador disse que as imagens permanecem no local até a igreja
decidir o que vai fazer.
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Fotos: Antonio José Mambenga
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"O padre informou que vai
mandar restaurar e possivelmente colocar em um local reservado da igreja. Foi
sugerido a ele que chamasse o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional) para analisar o caso", disse Antonio José.
A pedra fundamental da igreja de
Valença foi lançada no dia 27 de agosto de 1893. O templo religioso levou cinco
anos para ser construído, sendo aberto no dia 18 de dezembro de 1898, data
dedicada à Nossa Senhora do Ó. Entre 1948 a 1956, a igreja passou por uma
reforma. Na época o pároco era o Padre Marques.
“Ele morreu há dois anos com mais
de 100 anos. Ele fez isso de uma forma tão sigilosa, que a população não sabia
onde ele tinha enterrado os santos, tanto que foi por acaso que as imagens
foram achadas”, disse o historiador.