As duas notas técnicas de alerta publicadas pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) nesta segunda-feira (1º) sinalizam a preocupação para o risco de uma iminente contaminação por novas variantes do SARS-CoV-2 no Ceará. Elas preocupam por ter propagação mais rápida, mas não há evidências de aumento da letalidade pela doença.
Embora a Sesa informe que não há casos do tipo confirmados no Estado, formas
modificadas do novo coronavírus, encontradas no Reino Unido, na África do Sul
e na região norte do Brasil, no Amazonas, podem estar em transmissão no Ceará.
É o que estimam especialistas consultados pelo Diário do Nordeste.
De acordo com o coordenador do Laboratório de Biologia Molecular da Fiocruz no
Ceará, Eduardo Ruback, a intensa circulação de pessoas contribui para a
chegada das variantes e, dessa forma, se intensifica a necessidade do
mapeamento da doença.
“A chance de ter essas mutações no Ceará, ou em outros estados, é muito alta
porque a gente não tem controle rígido com testagem de fronteira entre
estados, que se comunicam e às vezes dependem economicamente e do transporte
entre um e outro”, afirma Ruback.
Epidemiologista e professor na Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano
Pamplona compartilha da mesma opinião. “Como a gente tem um fluxo de viajantes
do mundo todo, é muito provável que se espalhe de forma muito rápida. E
ninguém tem informação em relação à gravidade, ou velocidade de disseminação
disso. Então é o tempo que vai nos ajudar a entender um pouco mais”, diz.
Para identificar alguma das variantes em pacientes deve ser feito procedimento
comumente realizado em pesquisa e não nos exames de rotina, ressalta Luciano
Pamplona. “Sempre que dizemos que uma cepa ‘chegou’ em tal canto, na verdade,
ela foi identificada. Não tem como provar que ela não está em um local. Vai
depender da sorte de achar a pessoa que está infectada”.
(Diário do Nordeste)